terça-feira, 27 de dezembro de 2011

G. I. Gurdjieff - Visões de um Mundo Real

Para um estudo exato, uma linguagem exata é necessária. Mas a linguagem comum na qual falamos, que estabelece o que conhecemos e compreendemos, na qual escrevemos livros na vida ordinária, não corresponde nem mesmo numa pequena medida a uma expressão exata.
Um discurso inexato não pode servir a um conhecimento exato. As palavras que compõem a nossa língua são demasiadamente abrangentes, muito nebulosas e indefinidas, enquanto que o sentido colocado nelas é muito arbitrário e variável.
Todo homem que pronuncia qualquer palavra sempre atribui este ou aquele nuance de significado a ela através de sua imaginação, exagera ou coloca à frente este ou aquele lado dela, às vezes, concentrando todo o significado da palavra numa única característica do objeto, ou seja, designando por esta palavra não todos os atributos, mas aqueles atributos acidentais
externos que vierem primeiro à sua atenção. Outro homem falando com o primeiro atribui à mesma palavra outra nuance de significado, toma aquela palavra em um outro sentido, o qual muitas vezes é exatamente o oposto. Se um terceiro homem se junta à conversa, novamente ele coloca na mesma palavra seu próprio significado. E, se dez pessoas falarem, cada uma delas, mais uma vez dará o seu próprio significado e a mesma palavra terá dez significados. E os homens falando dessa forma pensam que podem compreender uns aos outros, que podem transferir seus pensamentos uns aos outros. Pode-se dizer com plena confiança que a linguagem na qual os homens contemporâneos falam é tão imperfeita que no que quer que eles falem, especialmente em questões científicas, nunca poderão ter certeza que chamam as mesmas ideias pelas mesmas palavras.
Pelo contrário, pode-se dizer quase com certeza que eles entendem cada palavra de forma diferente e, que enquanto parecem falar sobre o mesmo assunto, de fato, falam de coisas completamente diferentes. Além disso, para cada homem o sentido de suas próprias palavras e o significado que ele coloca dentro delas muda de acordo com seus próprios pensamentos e humores, com as imagens que ele associa no momento com as palavras, bem como com o que e como seu interlocutor fala, pois por uma imitação involuntária ou ao ser contradito ele pode involuntariamente alterar o significado de suas palavras. Além disso, ninguém é capaz de definir exatamente o que ele quer dizer com esta ou aquela palavra, ou se esse significado é constante ou se está sujeito a alterações, como, porquê e por que razão.
Se vários homens falam, todos falam de sua própria maneira e nenhum deles entende o outro. Um professor uma palestra, um estudioso escreve um livro e sua audiência e seus leitores ouvem lêem não a eles, mas a combinações de palavras dos autores com seus próprios pensamentos, idéias, humores e emoções do dado momento.
As pessoas de hoje estão, até certo ponto, conscientes da instabilidade de sua linguagem. Dentre os diversos ramos da ciência, cada um desenvolve sua própria terminologia, sua própria nomenclatura e linguagem. Na filosofia tentativas são feitas, antes de usar qualquer palavra, de deixar claro em que sentido ela é considerada, mas por mais que as pessoas hoje em dia tenham tentado estabelecer um significado constante para as palavras, elas não tiveram êxito até omomento. Cada escritor fixa a sua própria terminologia, muda a terminologia de seus antecessores, contradiz sua própria terminologia, em suma, todo mundo contribui com sua parte para a confusão geral.
Este ensinamento aponta a causa disso. Nossas palavras não têm e não podem ter qualquer significado constante e em primeiro lugar, não temos meios de indicar a cada palavra o significado e o tom particular que damos a essa palavra, isto é, as relações em que ela é tomada por nós, e em segundo lugar não visamos isso, pelo contrário, invariavelmente desejamos estabelecer nosso significado constante para uma palavra e tomá-la sempre nesse sentido, o que é obviamente impossível, sendo que a mesma palavra usada em momentos diferentes e em várias relações tem significados diferentes.
Nosso uso errado das palavras e as qualidades das próprias palavras tornaram-nas instrumentos não confiáveis ​para um discurso
exato e um conhecimento exato, sem mencionar o fato que para muitas noções acessíveis a nossa razão não temos nem palavras nem expressões.

Apenas a linguagem dos números
pode servir para uma expressão exata de pensamento e conhecimento, mas a linguagem dos números é aplicada apenas para designar e comparar quantidades. Mas as coisas não diferem apenas no tamanho e sua definição do ponto de vista das quantidades não é suficiente para um conhecimento e análise exatos.
Nós não sabemos como aplicar a linguagem dos números aos atributos das coisas. Se soubéssemos como fazê-lo e
pudéssemos
designar
todas as qualidades das coisas por números em relação a um número imutável, essa seria uma linguagem exata.
O ensinamento cujos princípios vamos expor aqui tem como uma de suas tarefas trazer o nosso pensamento mais próximo de uma designação matemática exata das coisas e dos eventos e dar aos homens a possibilidade de compreenderem a si mesmos e uns aos outros.

Se tomarmos
qualquer uma das palavras mais usadas e tentarmos ver que variedade de significado essa palavra tem de acordo com quem a utiliza e em que contexto, veremos por que os homens não têm poder de expressar os seus pensamentos exatamente e por que cada coisa que o homem diz e pensa é tão instável e contraditória. Além da variedade de significados que cada palavra
pode ter, essa confusão e contradição é causada pelo fato de que os homens nunca dão-se conta para si do sentido em que eles tomam esta ou aquela palavra e apenas se perguntam por que os outros não a entendem, sendo que é tão claro para eles mesmos. Por exemplo, se dissermos a palavra "mundo" na frente de dez ouvintes, cada um deles entenderia a palavra de sua própria maneira. Se os homens soubessem como captar e anotar os seus pensamentos, veriam que não tinham idéias
relacionadas
com
a palavra "mundo", mas que apenas uma palavra bem conhecida e um som familiar foi proferido, o significado da qual é suposto ser conhecido. É como se todos que escutássem essa palavra disséssem para si mesmos: "Ah, o" mundo ", eu sei
o que
ele é.
" Na verdade, ele não sabe realmente de maneira nenhuma. Mas a palavra é familiar, e, portanto, tal pergunta e resposta não ocorre a ele. Ela é apenas aceita. A pergunta vem apenas em relação a novas palavras desconhecidas e, em seguida, o homem tende a substituir a palavra desconhecida por uma conhecida.
Ele chama isso de "entendimento."
Se agora perguntarmos ao homem o que ele entende pela palavra "mundo", ele fica perplexo com tal pergunta. Normalmente, quando ouve ou usa a palavra "mundo" numa conversa ele não pensa de forma alguma sobre o que ela significa, tendo decidido de uma vez por todas que ele sabe e que todo mundo sabe. Agora
, se alguém chamasse sua atenção sobre essa palavra e pela
primeira vez ele visse que não sabe e que nunca pensou nisso, e disso ele não seria capaz, ele não conseguiria descansar
com o pensamento de sua ignorância. Os homens não são capazes de suficiente observação e não são suficientemente sinceros consigo mesmos para poder fazê-lo. Ele iria recuperar-se em breve, isto é, ele muito rapidamente iria enganar a si mesmo e lembrando-se ou compondo apressadamente uma definição da palavra "mundo" de uma fonte familiar de conhecimento ou pensamento, ou da primeira definição de alguma outra pessoa que entra sua cabeça, ele iria expressá-la como se fosse sua própria compreensão do significado da palavra, embora na verdade ele nunca tenha pensado sobre a palavra "mundo" desta forma e não sabe como pensava que sabia.
O homem interessado em astronomia vai dizer que o "mundo" consiste em um número enorme de sóis rodeados por planetas, colocados a distâncias incomensuráveis ​​uns dos outros e que compõem o que chamamos de Via Láctea, além da qual existem distâncias ainda maiores e que estão além dos limites da investigação, onde outras estrelas e outros mundos podem ser supostos residir. Aquele que é interessado em física vai falar sobre o mundo de vibrações e descargas elétricas, sobre a teoria da energia ou talvez sobre a semelhança do mundo dos átomos e dos elétrons com o mundo de sóis e dos planetas. O homem inclinado à filosofia começará a falar sobre a irrealidade e o caráter ilusório de todo o mundo visível criado no tempo e no espaço pelos nossos sentimentos e sentidos. Ele vai dizer que o mundo dos átomos e elétrons, a terra com suas montanhas e mares, sua vida
vegetal e
animal, os homens e as cidades, o sol, as estrelas e a Via Láctea, todos esses são o mundo dos fenômenos, um mundo enganoso, falso e ilusório, criado por nossa própria concepção. Além deste mundo, para além dos limites de nosso conhecimento, existe um mundo incompreensível para nós, de noumenos - do qual o mundo fenomênico é uma sombra, um reflexo. O homem familiarizado com a teoria moderna do espaço multi-dimensional vai dizer que o mundo é geralmente considerado como uma esfera tridimensional infinita, mas que na realidade o mundo tridimensional como tal, não pode existir e representa apenas a seção imaginária de outro, um mundo de quatro dimensões, a partir do qual todos os nossos eventos vêm e para onde todos vão. Um homem cujo conceito de mundo é construído sobre o dogma da religião vai dizer que o mundo é a criação de Deus e depende da vontade de Deus, que para além do mundo visível, onde a nossa vida é curta e depende de circunstâncias ou acidentes, um mundo invisível existe onde a vida é eterna e onde o homem vai receber uma recompensa ou punição porudo o que ele fez nesta vida. Um teosofista vai dizer que o mundo astral não abraça o mundo visível como um todo, mas que sete mundos existem penetrando uns aos outros mutuamente e compostos de uma matérial mais ou menos sutil.
Um camponês russo ou um camponês de alguns países do oriente vai dizer que o mundo é a comunidade da aldeia da qual ele é membro. Este mundo está mais próximo a ele. Ele até mesmo dirige-se aos seus concidadãos nas assembleias gerais, chamando-nos de "mundo".
Todas essas definições da palavra "mundo" têm os seus méritos e defeitos: o seu principal defeito consiste em que cada uma delas exclui o seu oposto, enquanto que todas retratam um lado do mundo e examinam apenas de um ponto de vista dele. A definição correta seria formada da combinação de todas as compreensões separadas, mostrando o lugar de cada uma e, ao mesmo tempo dando em cada caso a possibilidade de declarar de que lado do mundo o homem fala, de que ponto de vista e em que relação.
Este ensinamento diz que se a questão sobre o que o mundo é fosse abordada da meneira certa, seria possível estabelecer com bastante precisão o que entendemos por esta palavra. E esta definição de um entendimento correto incluiria em si todas as visões sobre o mundo e todas as abordagens para a questão. Tendo, assim, concordado com essa definição, os homens seriam capazes de entender uns aos outros quando falassem sobre o mundo. Somente a partir de tal definição podemos falar sobre o mundo.

Mas como encontrar essa definição? O ensinamento ressalta que a primeira coisa é aproximar-se da questão da maneira mais simples possível, isto é, tomar as expressões mais usadas com que falamos sobre o mundo e considerar sobre que mundo estamos falando. Em outras palavras, olhar para a nossa própria relação com o mundo e tomar o mundo em sua relação com nós mesmos. Veremos que, ao falarmos do mundo, com frequência falamos da Terra, do globo terrestre, ou melhor, da superfície do globo terrestre, isto é, apenas o mundo em que vivemos. Se olharmos agora para a relação da Terra com o universo, veremos que, por um lado o satélite da Terra está incluído na esfera de sua influência, enquanto que por outro lado a Terra entra como uma parte componente do mundo planetário de nosso sistema solar. A Terra é um dos pequenos planetas girando em volta do sol. A massa da Terra forma uma fração quase desprezível em comparação com toda a massa dos planetas do sistema solar e os planetas exercem uma influência muito grande sobre a vida da Terra e em todas as organismos vivos existentes, uma influência muito maior do que o nossa ciência imagina. A vida dos homens individuais, de grupos coletivos, da humanidade, depende de influências planetárias em muitas coisas. Os planetas também vivem, como nós vivemos sobre a terra. Mas o mundo planetário, por sua vez, entra no sistema solar e entra como uma parte muito pouco importante porque a massa de todos os planetas juntos é muitas vezes menor que a massa do sol.
O mundo do sol é também um mundo em que vivemos. O sol por sua vez, entra no mundo das estrelas, na enorme acumulação de sóis que formam a Via Láctea.
O mundo estelar é também um mundo em que vivemos. Tomado como um todo, mesmo de acordo com a definição de astrônomos modernos, o mundo estelar parece representar uma entidade separada, tendo uma forma definida, cercado por espaço além dos limites que a investigação científica pode penetrar. Mas a astronomia supõe que a distâncias imensuráveis ​​de nosso mundo estelar, outras acumulações podem existir. Se aceitarmos essa suposição, diremos que o nosso mundo estelar entra como uma parte componente da quantidade total desses mundos. Esta acumulação de mundos de "Todos os Mundos" é também um mundo em que vivemos.
A ciência não pode olhar mais longe, mas o pensamento filosófico vai ver o último princípio que se encontra além de todos os mundos, isto é, o Absoluto, conhecido na terminologia hindu como Brahman.

Tudo o que foi dito sobre o mundo pode ser representado por um simples diagrama. Vamos designar a terra por um equeno círculo e marcá-lo com a letra A. Dentro do círculo vamos colocar um círculo menor que representa a lua e amos marcá-lo com a letra B. Em volta do círculo da terra vamos desenhar um círculo aior mostrando o mundo em que Terra entra e vamos arcá-lo com a letra . Em volta desse vamos desenhar o círculo representando o sol e marcá-lo com a letra D. Em seguida, em volta desse círculo desenhamos novamente um círculo representando o mundo estelar que vamos marcar com a letra E, e, então, o círculo de todos os mundos que marcaremos com a letra F. Em volta do círculo F vamos colocar o círculo G para designar o princípio filosófico de todas as coisas, o Absoluto.
O diagrama aparecerá como sete círculos concêntricos. Mantendo esse diagrama em vista, um homem ao pronunciar a palavra "mundo" sempre será capaz de definir exatamente de qual mundo ele está falando a respeito e em que relação a este mundo ele se encontra.
Como iremos explicar mais tarde, o mesmo diagrama nos ajudará a entender e combinar a definição astronômica do mundo, as definições filosóficas, físicas e físico-químicas, bem como a matemática (o mundo das muitas dimensões), e a definição teosófica (os mundos interpenetrantes uns aos outros) e outras.
Isso também deixa claro por que os homens falando sobre o mundo jamais poderão entender uns aos outros. Vivemos ao mesmo tempo em seis mundos, assim como vivemos em um andar de tal e tal casa, na rua tal e tal, em tal e tal cidade e tal estado, e em
tal parte do mundo.
Se um homem fala sobre o lugar onde ele vive sem indicar se ele refere-se ao andar ou à cidade ou à parte do mundo, ele certamente não vai ser compreendido por seus interlocutores. Mas os homens sempre falam desta maneira sobre qualquer coisa não tendo importância prática, e, como vimos no exemplo do "mundo", eles designam muito rapidamente
por uma única palavra
uma série de
noções que estão relacionadas umas as outras como uma parte insignificante está relacionada com um enorme conjunto, e assim por diante. Mas um discurso exato deveria salientar sempre e muito exatamente em que relação cada noção é tomada e o que ela inclui nela mesma. Isto é, de que partes ela consiste e em que ela entra como um componente.
Logicamente, é compreensível e inevitável, mas, infelizmente, nunca passa pela cabeça que os homens muitas vezes não sabem, e não sabem como encontrar as diferentes partes e as relações da noção dada.
É uma parte importante dos princípios deste ensinamento deixar claro a relatividade de cada noção, tomando-a não no sentido da idéia geral abstrata que tudo no mundo é relativo, mas indicando exatamente o em que e como se relaciona com o resto.


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Pergunta: Qual é o método do Instituto para o desenvolvimento harmonioso do homem?
Gurdjieff: O método é subjetivo, isto é, depende das peculiaridades individuais de cada pessoa. Existe
apenas
uma regra
geral que pode ser aplicada a todos – a observação. Isso é indispensável para todos. No entanto, essa observação não é para mudar, mas para ver a si mesmo. Todos têm suas peculiaridades próprias, seus hábitos próprios que um homem não costuma ver. É preciso ver essas peculiaridades. Dessa forma pode-se "descobrir muitas Américas." Cada pequeno fato tem a sua própria causa básica. Quando você tiver coletado material sobre si,
será possível falar; no momento, a conversa é apenas teórica. Se colocarmos peso de um lado, temos de equilibrar de alguma forma. Ao tentar observar a nós mesmos, adquirimos prática na concentração, o que será útil até mesmo na vida cotidiana.

P: Qual é o papel do sofrimento no autodesenvolvimento?
G: Existem dois tipos de sofrimento: o consciente e o inconsciente. Somente um tolo sofre inconscientemente. Na vida existem dois rios, duas direções. No primeiro, a lei é para o próprio rio, não para as gotas de água. Somos gotas. Em um deterinado momento uma gota está na superfície, em outro, no fundo. O sofrimento depende de sua posição. No primeiro rio o sofrimento é completamente inútil, porque é acidental e inconsciente. Paralelamente a este rio há outro rio. Neste outro rio existe um tipo diferente de sofrimento. A gota no primeiro rio tem a possibilidade de passar para o segundo rio. Hoje a gota sofre porque ontem ela não sofreu o suficiente. Aqui a lei da retribuição opera. A gota também pode sofrer com antecedência. Cedo ou tarde se paga por tudo. Para o Cosmos não há tempo. O sofrimento pode ser voluntário e só o sofrimento voluntário tem valor. A pessoa pode sofrer simplesmente porque se sente infeliz. Ou pode sofrer pelo ontem e para preparar para o amanhã.
Repito, somente o sofrimento voluntário tem valor.

P: Cristo era um mestre com uma preparação de escola, ou ele era um gênio acidental?
G: Sem conhecimento ele não poderia ter sido o que ele era, nem poderia ter feito o que fez. Sabe-se que onde ele estava havia conhecimento.
P: Se somos apenas mecânicos, que sentido tem a religião?
G: Para alguns a religião é uma lei, uma orientação, uma direção; para outros, um policial.
P: Em que sentido foi dito em uma palestra anterior que a Terra é viva?
G: Não somos apenas nós que estamos vivos. Se a parte está viva, então o todo estará vivo. Todo o universo é como uma corrente e a terra é um elo desta corrente. Onde há movimento, há vida.
P: Em que sentido é dito que aquele que não morreu não pode nascer?
G: Todas as religiões falam sobre a morte durante esta vida na Terra. A morte deve vir antes do renascimento. Mas o que deve morrer? A falsa confiança no seu próprio conhecimento, o amor próprio e o egoismo. Nosso egoísmo deve ser quebrado. Devemos entender que somos máquinas muito complicadas e portanto esse processo de quebra está fadado a ser uma tarefa longa e difícil. Antes que o crescimento real possa tornar-se possível nossa personalidade deve morrer.
P: Será que Cristo ensinou danças?
G: Eu não estava lá para ver. É necessário distinguir entre danças e ginástica, são coisas diferentes. Nós não sabemos se seus discípulos dançavam, mas sabemos que onde Cristo teve sua formação, eles certamente ensinavam "ginásticas sagradas".
P: Existe algum valor nas cerimônias e ritos católicos?
G: Eu não estudei o ritual católico, mas conheço os rituais da Igreja grega muito bem, e neles,
sublinhando
a
forma e a cerimônia, há um significado real. Toda cerimônia, se ela continua a ser praticada sem alteração, tem valor. Os rituais são como as danças antigas que eram guias nos quais a verdade era escrita. Mas, para entender devemos ter uma chave.
As danças folclóricas antigas também tem significado, algumas até contêm coisas como receitas para fazer geléia.
Uma cerimônia é um livro em que há muita coisa escrita. Qualquer um que entenda pode lê-lo. Em uma cerimônia há mais coisas contidas do que em uma centena de livros. Normalmente, tudo muda, mas os costumes e as cerimônias podem permanecer inalterados.

P: A reencarnação das almas existe?
G: A alma é um luxo. Ninguém ainda nasceu com uma alma totalmente desenvolvida. Antes de podermos falar de reencarnação, devemos saber que tipo de homem estamos falando, que tipo de alma e que tipo de reencarnação. A alma pode disintegrar imediatamente após a morte ou pode fazê-lo depois de um certo tempo. Por exemplo, uma alma pode ser cristalizada dentro dos limites da terra e pode permanecer lá, e ainda não ser cristalizada para o sol.
P: As mulheres podem trabalhar assim como os homens?
G: Diferentes partes estão mais altamente desenvolvidas nos homens e nas mulheres. Nos homens, é a parte intelectual, a que chamaremos A; nas mulheres a parte emocional, ou B. O trabalho no Instituto é por vezes mais ao longo da linha A, e nesse caso é muito difícil para B. Em outros momentos, é mais ao longo da linha B, em cujo caso é mais difícil para A. Mas o que é essencial para a compreensão real é a fusão de A e B. Isso produz uma força que chamaremos de C.
Sim, há chances iguais para homens e para mulheres.