terça-feira, 22 de novembro de 2011

Philokalia - São Marco o Asceta - Sobre a Lei Espiritual

Por termos sido questionados frequentemente sobre o que o Apóstolo queria dizer quando coloca que “a lei é espiritual” (Rom. 7:14), e que tipo de conhecimento espiritual e ação caracteriza aqueles que desejam observá-la, falaremos sobre isso tanto quanto possível.

Primeiro de tudo, sabemos que Deus é o início, o meio e o fim de tudo o que é bom e que é impossível para nós termos fé em qualquer coisa boa e exercê-la exceto em Jesus Cristo e no Espírito Santo.

Tudo o que é bom é dado pelo Senhor providencialmente e aquele que tem fé que isso é assim não perde o que lhe foi dado.

A fé constante é uma torre forte; para aquele que tem fé Cristo vem a ser tudo.

Possa aquele que inaugura tudo aquilo que é bom inaugurar tudo o que você empreender, de modo que isso possa ser feito com Suas bênçãos.

Quando ler as escrituras sagradas, aquele que é humilde e engajado no trabalho espiritual irá aplicar tudo a si mesmo e não aos outros.

Clame a Deus para que ele abra os olhos do seu coração, de modo que você possa ver o valor da oração e da leitura espiritual quando entendida e aplicada.

Se um homem possui algum dom espiritual e sente compaixão por aqueles que não o possuem, ele preserva o dom por causa de sua compaixão. Mas um homem vanglorioso irá perdê-lo por sucumbir às tentações da vanglória.

As escrituras falam da fé como sendo “a substância das coisas pelas quais esperamos” (Heb. 11:1), e descreve como sem valor aqueles que não conhecem a morada interna de Jesus. (ref. 2 Cor. 13:5)

Aquele que não conhece a Verdade não pode verdadeiramente ter fé, pois por natureza o conhecimento precede a fé.
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Assim como um pensamento é tornado manifesto através de ações e palavras, também é nossa recompensa futura através dos impulsos do coração.
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Assim, um coração piedoso receberá piedade, enquanto que um coração impiedoso receberá o oposto.

A lei da liberdade ensina toda a verdade. Muitos leem sobre ela de uma maneira teórica, mas poucos realmente compreendem-na e isso apenas de acordo com o grau com que praticam os mandamentos.

Deus é a fonte de toda a virtude assim como o sol é a fonte da luz do dia.

Quando você tiver feito algo bom lembre-se das palavras “sem Eu você não pode fazer nada”. (João 15:5)

Quanto maior a fé do homem de que Cristo irá recompensá-lo, maior será a prontidão para suportar toda injustiça.

Revele-se para o Senhor em sua mente. “Pois o homem olha para a aparência externa, mas o Senhor olha para o coração.” (1 Sam. 16:7)

Não faça nada e não diga nada sem um propósito dirigido a Deus. Pois viajar sem uma direção é desperdício de esforço.

A dor faz o sábio lembrar-se de Deus, mas oprime aqueles que se esquecem Dele.

Deixe que todo sofrimento involuntário lhe ensine a lembrar de Deus e não lhe faltará oportunidade para o arrependimento.

Faça o bem quando lembrar e o que você esquecer será revelado a você; e não entregue a sua mente ao esquecimento cego.

O inferno é a ignorância, pois ambos são escuros e a perdição é o esquecimento, pois ambos envolvem a extinção.

Preocupe-se com os seus próprios pecados e não com os de seus semelhantes, assim a oficina de sua mente não será roubada.

Aceitar uma aflição pelo amor a Deus é um ato genuíno de santidade, pois o verdadeiro amor é testado pelas adversidades.

Não alegue ter adquirido uma virtude a menos que você tiver sofrido uma aflição, pois sem aflição a virtude não foi testada.

Considere o resultado de cada aflição involuntária e você verá que foi a destruição do pecado.

Se você quer saúde espiritual escute a sua consciência, faça tudo o que ela lhe falar e você irá beneficiar-se.

Deus e nossa consciência conhecem nossos segredos. Deixe que eles nos corrijam.

Aquele que é ignorante a respeito da emboscada do inimigo é morto facilmente e aquele que não conhece as causas das paixões é logo trazido para baixo.

Após cumprir um mandamento espere ser tentado, pois a amor por Cristo é testado pela adversidade.

Jamais menospreze a importância de seus pensamentos, pois nenhum deles escapa da atenção de Deus.

Muitos lutaram de muitas maneiras contra as circunstâncias, contudo sem oração e arrependimento ninguém jamais escapou do mal.

Os males reforçam uns aos outros e também é assim com as virtudes, encorajando-nos dessa forma a esforços ainda maiores.

O intelecto é tornado cego por estas três paixões: a avareza, a autoestima e os prazeres carnais.

A escritura chama essas três de filhas da sanguessuga, muito amadas por sua mãe, a insensatez. (ref. Prov. 30:15)

Essas três paixões por si mesmas obstruem o conhecimento espiritual e a fé, os irmãos de criação de nossa natureza.

É por causa delas que a cólera, a raiva, a guerra, o assassinato e todos os outros males têm tamanho poder sobre a humanidade.

Quando você escuta o Senhor dizendo que se a pessoa não renunciar tudo o que ela tem ela “não será digna de Mim” (Mat. 10:37), não aplique isso apenas ao dinheiro, mas a todas as formas de vício.