domingo, 14 de junho de 2009

Siddharameshwar Maharaj - "Conhecimento Puro"


Para entender melhor como exatamente o “puro conhecimento uno” está atuando, você tem apenas que sair de casa e olhar imediatamente para a lua. Com que velocidade, de dentro da janela da mente, a pura consciência se apressa até a lua? Veja como ela permeia o céu inteiro numa fração de segundo. Tente isso. A mente tem essa mesma velocidade? A mente recebeu essa velocidade de ciência da lua, apenas através da ajuda desse “Conhecimento”. Onde quer que a mente vá, a Consciência já está lá. Que admirável então, que o movimento da mente pereça emperrado nessa consciência! Você tem apenas que abrir as pálpebras e o "Conhecimento” (consciência) simultaneamente permeiará o céu inteiro e a vastidão que contém uma multitude de estrelas e a lua.
Em vez de dizer que ela permeia, é melhor dizer que ela já permeou tudo o que agora é experimentado. Quando a Consciência viaja do olho até a lua e a pessoa a reconhece como sendo a lua, tal é o conhecimento 'objetivo'. Nesse exemplo a lua é o objeto e a consciência assume a sua forma assim que ela sabe que aquilo é a lua. Se há uma nuvem na frente da lua, a Consciência assume o formato da nuvem e é vista como aquele objeto. Assim também, a consciência permeia a nuvem e sabe que a nuvem é um objeto.
Agora, tente notar a “camada” de consciência sem um objeto, o “Conhecimento Puro” sem a mistura de nenhum objeto. Aquele espaço ou vácuo, que existe entre os olhos e a lua, não foi notado por você, ainda assim, ele estava lá, permeando, existindo em sua própria natureza. Aquela é a forma pura do 'Conhecimento'. Quando um vácuo ou espaço vazio, que foi notado anteriormente, é propositalmente tornado o objeto da atenção, ele pode tornar-se o objeto da atenção como 'espaço'. O que é notado é Maya, e o que não pode ser visto é “Brahman”.
Enquanto olhamos para a lua, o vácuo ou o espaço intermediário, não vem à nossa atenção. Portanto, é consciência sem um objeto. Se esse espaço, ou vácuo, é separado e é tornado um objeto da visão, esse Conhecimento Puro é transformado num zero, porque se o espaço é visto separadamente, a modificação da mente torna-se um vácuo. Se existe alguma diferença entre o céu e o Puro Conhecimento, é essa: Olhar separadamente para nossa própria natureza é o céu e quando o ato de 'olhar' é abandonado, ele é “conhecimento puro”. Uma vez que o conhecimento puro é reconhecido apropriadamente dessa forma, mesmo quando misturado a qualquer objeto, ele pode ser selecionado e reconhecido. Uma vez que a água pura é conhecida, mesmo quando misturada com alguma outra coisa, sua porção pode ser reconhecida dentro da mistura.
A água é um fluído que pode ser condensado em gelo. Mesmo quando a água abandona sua fluidez e assume a densidade do gelo, ela ainda é reconhecida como água em forma de gelo. Não é difícil reconhecer a umidade da lama como sendo água. Similarmente, uma vez que o Conhecimento Puro é conhecido, sua existência estável nesse mundo móvel pode também ser reconhecida, na forma de Sat-chit-ananda (existência-consciência-graça).
A água pura é desprovida de qualquer cor, forma, gosto ou cheiro. Uma vez que isso é propriamente entendido, mesmo quando a água é condensada, assumindo uma forma densa, ou quando fica apimentada ao adicionarmos pimenta, ou doce ao adicionarmos açúcar, ou cheirosa, colorida em tom de rosa, ou usada como água na tinta, ainda assim é inconfundivelmente reconhecida como água pura, ou água menos a forma, gosto, cheiro e cor.
Assim, pelo mesmo método de eliminação, mesmo quando esse Conhecimento Puro está condicionado, ao subtrairmos o condicionamento e dividirmos a forma em seus respectivos elementos, ele será reconhecido absolutamente como sendo “Conhecimento Puro” apenas, que preenche todas as formas até à borda, em toda parte. Entretanto, antes de alcançar esse “Conhecimento Puro” pelo método da eliminação, se a pessoa aceita o método da enumeração (escutando as qualidades de Deus), e segue discursando como é que somente Deus permeia todos os seres e todas as formas, e que não existe nada além de Rama, e que “o mundo e o senhor do mundo, são apenas um” etc, etc, então tal balbuciação jamais poderia ser útil. Em contraste com esse tipo de fala, se a pessoa fala apenas palavras vazias sem ter a experiência por trás delas, tal como “Eu sou Brahman”, “os sentidos fazem seu trabalho, contudo eu não sou o fazedor”, e “ não há virtude ou pecado na soleira de minha porta”, etc, em vez de ganhar o Ser, ele apenas irá enganar seu Ser. Dessa forma, esses chamados “Auto-descobridores” perdem alegria no mundo, bem como no outro mundo . O santo Kabir disse “Ele foi embora como veio”. Isso significa que essas pessoas morrem no mesmo estado de consciência com o qual elas nasceram. Não obtêm nenhum benefício além disso.