domingo, 7 de junho de 2009

Philokalia - São Teófanes o Recluso - Pobre, Nu, Cego e Sem Valor


Não há necessidade de ter medo da ilusão. Ela sobrepuja aqueles que se tornam vãos, que pensam que assim que um aquecimento venha ao coração já significa o cume da perfeição. De fato, esse aquecimento é apenas o começo e pode provar ser instável. Esse aquecimento e paz no coração podem ser apenas algo natural, fruto da atenção concentrada. Temos de labutar e labutar, esperar e esperar, até que o natural seja substituído pela graça ofertada.
É melhor nunca pensar de si mesmo como tendo atingido algo, mas sempre ver-se como pobre, nu, cego e sem valor.

O Senhor vê sua necessidade e seus esforços, e dará a você uma mão. Ele irá lhe dar suporte e estabelecerá você um soldado, totalmente armado e pronto para ir para a batalha. Nenhum suporte pode ser melhor do que o Dele. O maior perigo está em a alma pensar que ela pode encontrar essa ajuda dentro de si mesma; e então ela perde tudo. O mal irá dominá-la, eclipsando a luz que cintila ainda que fraca na alma, e irá extinguir aquela pequena chama que quase já não queima. A alma deveria perceber o quanto ela é impotente quando sozinha; portanto não esperando nada de si mesma, deixe-a cair em humildade diante de Deus e em seu próprio coração que ela se reconheça como sendo nada. Então a graça – que é toda poderosa – irá desse nada, criar nela tudo. Aquele que em total humildade coloca-se nas mãos do piedoso Deus, atrai o Senhor para si mesmo e torna-se forte em Sua força.
Embora esperando tudo de Deus e nada de nós mesmos, devemos, não obstante, forçarmos-nos à ação, empregando toda nossa força a fim de criar algo para o qual a ajuda divina possa vir, e o qual, o poder divino possa abarcar. A graça já está presente dentro de nós mas ela irá agir apenas depois que o próprio homem agiu, sentindo sua impotência com sua própria força. Estabeleça-se, portanto, firmemente no humilde sacrifício da sua vontade por Deus, e então tome ação sem nenhuma má vontade ou de maneira irresoluta.