sexta-feira, 1 de maio de 2009

Shri Samartha Ramdas - Narração sobre a Realização de Brahman



*Ouça os sinais do conselho devido ao qual uma pessoa alcança a libertação final, onde torna-se unida com Deus:

*Aqui, os diversos pareceres e discussões infrutíferas sobre o assunto não são de utilidade nenhuma.
*Não se deve chamar de importante aquele conselho que é desprovido do "Conhecimento de Brahman", pois ele é como joio desprovido de grãos, não é útil para comer.
*É como triturar os caules secos de diversas espécies de vegetais cuja colheita já foi feita. Ou, como bater o soro do leite cuja manteiga já foi extraída, ou como consumir a água onde os grãos foram lavados.
*É como comer a casca dos frutos, ou tentar sugar o suco de um bagaço seco, ou como comer as cascas duras dos cocos deixando de lado o miolo tenro.
*Da mesma maneira, sem o "Conhecimento de Brahman", muitos tipos de aconselhamento só irão cansar a pessoa. Que pessoa sã deixaria de lado o que é real e ficaria com o irreal?
*Agora, a narração de "Brahman", que é sem atributos, terá início. Os ouvintes devem deixar atentas as suas mentes mais íntimas e ouvir.

* Entenda que todo o universo é uma composição dos cinco elementos da "Manifestação", ou "Prakriti". Isso é transitório e não dura para sempre.

*"Brahman" sem atributos está antes da criação do universo, no início e durante a criação, e permanece após a dissolução do universo. "Brahman" apenas é o que é permanente. Todo o resto nascido dos cinco elementos de Prakriti - é perecível.
*Quando olhamos de perto para os elementos, como podem ser comparados a Deus?
*No caso do Supremo Ser, o criador do mundo, como pode alguém compará-Lo com os elementos? Sua grandeza não pode ser entendida nem mesmo pelo Senhor Brahma e pelos outros deuses.
*Se dizemos que o Senhor do Universo (Jagadeesha) é como os cinco elementos da natureza, isso só dá origem ao engano. Os Grandes Homens tendo autoconhecimento, compreendem todas as coisas e nunca cometem tal erro.
*Os cinco elementos da Manifestação, ou Prakriti: terra, água, fogo, ar e espaço, são permeados por dentro e por fora pelo criador do mundo. No entanto, os cinco elementos são destrutíveis enquanto que o Ser é indestrutível.
*Entenda tudo o que tem um nome e uma forma como sendo ilusão. É preciso ir além do nome e da forma para compreender a verdade escondida.
*Entenda que são os cinco elementos e os três gunas combinados que formam Prakriti de oito partes. O outro nome para Prakriti é o "Mundo Visível" (a manifestação).
*Os Vedas dizem que o mundo visível é destrutível. O sábio entende que somente Brahman sem atributos é permanente e eterno.
*Ele é Aquilo que não pode ser atingido por armas, que não pode ser queimado pelo fogo e Aquilo que quando se tenta misturar com água, não pode ser misturado.
*Ele é Aquilo que não é soprado pelo vento, que não cai de sua posição para a manifestação, nem desaparece. É Aquilo que não pode ser feito, nem escondido. "Aquilo" é Parabrahman (para significa "antes de" ou "além"), a Suprema Realidade.
*É Aquilo que é incolor e que é diferente de todos os outros, mas está sempre presente, em todos os momentos.
*Ele não pode ser visto, mesmo no meio de tudo o que acontece, ainda assim, permeia tudo. De uma forma sutil, está apinhado em todos os lugares.
*Nossos olhos têm o hábito de ver apenas o que é visível. É preciso compreender que o segredo reside no que está escondido.
*Entenda, aquilo que é manifesto, é irreal, e Aquilo que está escondido, é "real". Começamos a perceber isso através dos ensinamentos do "Verdadeiro Guru" (Sadguru).
*É preciso tentar compreender Aquilo que não pode ser compreendido, e tentar ver Aquilo que não pode ser visto. É preciso tentar entender Aquilo que não pode ser entendido com a força do nosso "poder de discriminação."
*Devemos tornar manifesto aquilo que está oculto, mesmo se isso é aparentemente impossível de se alcançar. Deveríamos estudar Aquilo que é difícil de compreender, ponderando gradualmente sobre Isso.
*Deve-se realizar Aquilo que os Vedas, o Senhor Brahma - o criador, e Shesha, o divino "Rei das Serpentes de Mil Cabeças*," ficaram completamente exaustos tentando descrever Aquela notável Suprema Realidade, "Parabrahman".
*Como pode "Parabrahman" ser alcançado? Agora a maneira mais fácil é contada. Deve-se atingir a Suprema Realidade, "Parabrahman", ao ouvir e refletir sobre os discursos espirituais.
*Ele não é terra, água, fogo, nem vento. Não é como alguma coisa que possa ser expressada por qualquer cor. É indescritível.
*É Aquilo que não é manifesto que deveria ser chamado de "Deus". Contudo as pessoas de natureza superficial adoram a Deus em muitas formas manifestas. Existem tantos Deuses como há aldeias para as massas.
*Quando é tomada uma decisão firme sobre o verdadeiro "Deus," Aquele Deus sem atributos é realmente experimentado. Devemos procurar o nosso próprio "Ser".
*Quando a pessoa diz: "Este é o meu corpo", isso significa que o verdadeiro "Eu" ou "mim" está separado do corpo. Quando entendemos que a mente é minha, isso significa que o "eu" real não pode ser a mente.
*Quando contemplamos o corpo, entendemos que ele é, em sua totalidade, uma extensão dos cinco elementos de "Prakriti". Na eliminação dos elementos pela dissolução de um dentro do outro, finalmente apenas a "Verdade", o Ser, permanece.
*Não há lugar onde o "eu" que está associado com o corpo possa ser encontrado. Aqui, não há nada que seja requerido para ser visto e os elementos se dispersam para seus respectivos lugares.
*Os cinco elementos estão amarrados juntos em um pacote. Aquele que ocupa seu pensamento em abrir o pacote ao olhar para ele, descobre que o pacote não é mais visto.
*O corpo é um conjunto de cinco elementos. Quando contemplamos este pensamento, percebemos que apenas o Ser é eterno e o falso "eu" associado com o corpo, não está lá.
*Quando não há nenhum lugar para o falso "eu" associado com o corpo - como pode haver e para quem haverá - nascimento e morte. Quando contemplamos corretamente, descobrimos que o Ser é intocado pelo pecado ou pelas ações meritórias.

*Pecado e mérito religioso ganho de ações virtuosas, bem como as torturas infligidas por Yama, o rei da morte, não existem no "Estado sem atributos." O verdadeiro "eu" não é nada senão o "Ser sem atributos". Onde então, está o lugar para o nascimento e a morte?

*A pessoa que estava limitada pelo apego ao corpo, torna-se livre pela prudente discriminação. Uma vez que a pessoa transcende o corpo, ela atinge a libertação.
*A vida torna-se digna de valor quando percebemos que o "Ser sem atributos" e o "eu", são um. Para obter essa experiência, deve-se contemplar continuamente e discriminar entre o "real" e o "irreal".
*Quando acordamos, o sonho desaparece. Do mesmo modo, quando vemos com clara discriminação, o mundo visível retrocede. A contínua concentração em nossa "verdadeira natureza" (Swaroopa), é a salvação.

*A pessoa deve renunciar seu próprio "ser". Com a ajuda da discriminação não se deve permanecer como um "eu" separado. Chamamos a isso de rendição do falso "eu."
*Primeiro, deve-se ouvir discursos sobre o Ser. Em seguida, deve-se servir aos pés do "Verdadeiro Guru" (Sadguru). Ao aceitarmos os ensinamentos (Prasad) do Sadguru, a renúncia do falso "eu" se realiza.
*Após a rendição do falso "eu" o que sobra é o puro Ser, que é eterno. Alvorece o entendimento interior de que "eu sou o Ser."

*Devido ao "conhecimento de Brahman," a pessoa torna-se "Brahman". Todas as tristezas da vida desaparecem. Colocando o corpo nas mãos do destino, permanecemos serenos.

*Devido ao que é chamado de "Autoconhecimento", a pessoa ganha contentamento e torna-se Um com "Parabrahman".

*Agora, o que quer que aconteça, deixe acontecer. E o que quer que esteja indo, deixe ir. O medo da mente relativo ao nascimento e à morte deve ser removido.

*Quando a pessoa escapa da turbulência da vida mundana, Deus e o devoto são unidos. O "Deus Supremo" é reconhecido através da virtude de manter-se na companhia dos Santos.