sábado, 17 de janeiro de 2009

Siddharameshwar Maharaj - Paramatma

Brahman é como o vazio, como o céu - sem medida, sem qualidade, sem impureza, estável e eterno. Ele é chamado Paramatma, e existem muitos nomes para ele. Não obstante, Ele não tem nenhum nome. Mas você sabe que Ele é eternamente o mesmo. Brahman é vazio como o céu, como se não houvesse nada em absoluto. Conseqüentemente, parece vazio, puro e sempre eterno. Está lá sempre. A esse chamamos Paramatman. Está presente no começo e no final, antes que se formem os conceitos e mesmo quando eles aparecem. Estejamos dormindo ou despertos, a ‘presenciação’ do próprio ‘Si mesmo’ está sempre lá. Ela é natural. Não é sentida nem vista, mas está lá. Está presente antes, durante e depois que apareça qualquer conceito. É imutável e permanente. Nessa natureza imutável, sente-se como se houvesse movimento. Isso é chamado Ilusão, Presenciação ou Maya. Quando se sente o transitório, isso é chamado Ishwara (Deus) ou Maya. Há incontáveis nomes - masculinos, femininos e neutros que se dão ao Uno. Ele não é visto nem sentido, contudo, dão-Lhe muitos nomes.
Um símbolo é usado a fim de identificar um objeto ou uma idéia que não possam ser vistos diretamente. São usados também diferentes nomes para indicar este Paramatman “sem nome”. Os nomes são só indicadores, não os próprios objetos. Similarmente, nomes têm sido dados a
Brahman com o objetivo de identificação. Esses nomes são somente para compreender a “presenciação” ou o impulso de “eu”.
O que somos nós? Somos sempre a encarnação da existência, do conhecimento e da graça(Satchidananda) - é daqui que conhecemos a existência, portanto, há a Consciência seguida de alegria ou de contentamento também. Somente há um impulso de “eu”. Os nomes de “Presenciacão”, “Mula Maya”, etc., existem somente por causa desse “eu”.
A existência é somente Parabrahman - então por que os nomes Satchiananda, Presenciação, Mula Maya, ou Consciência para aquele “eu sou”? Somente para nos ajudar a “conhecer” a realidade. Você existe incondicionalmente, sem esforço. Em você aparece a Presenciação.
Essa é Mula Maya (ou a Ilusão primordial) ou todos aqueles nomes que foram mencionados antes. Nesta Presenciação aparecem as letras, as palavras, os pensamentos, a mente, o intelecto e etc. As letras e as palavras são juntadas, causando a aparência do discurso. A isso dá-se o nome de Vidyadevi (a Deusa do conhecimento) ou Shiva. A Ele se dão tais nomes variados. Conseqüentemente, tudo o que é necessário é reconhecê-Lo. “Purushartha” indica o processo de reconhecê-Lo. O que é a Presenciação? É a consciência. Uma vez que você sabe quem “eu sou”, então você pode descrevê-lo. Qual é a utilidade dessa porção de nomes sem conhecer o ‘si mesmo’, o Ser? Trate, portanto, de examinar tudo isso dentro de você mesmo. Confirma o que as escrituras e o Guru têm dito com a prova da sua própria experiência. A pessoa progredirá se compreender o que é grosseiro e o que é sutil. Tudo o que é visível é grosseiro. Então aparecem os dez sentidos, os cinco pranas (prana, aprana, vyana, udana e samana), a mente, o intelecto, etc.
Se você prosseguir sem compreensão, então não compreenderá durante milhões de nascimentos. No espaço permanente e sem movimento existe ar, mas há uma diferença sutil entre o ar e o espaço. Ela não é detectada pelo olho, mas há uma diferença entre ambos - o ar pode ser sentido, mas o espaço é somente um vazio. Similarmente, há uma diferença sutil entre o ‘si mesmo’ e a Presenciação, exatamente como há uma diferença entre o bronze e o ouro. No 'si mesmo' (o Ser) não há nenhuma modificação de nenhum tipo, isso é porque ele é incondicionado. A isso dá-se o nome - permanência. Assim, Chaitanya (a força vital) ou Maya é somente ilusão e há somente o Brahman no ‘Si mesmo’. Da mesma maneira que há ar ou brisa no céu, há o impulso “eu sou” na ‘Presenciação’, que também é chamado de poder ou força. É chamado também de “desejação”.
O impulso “eu sou” é chamado de Mula Prakriti. Também é chamado de Mahakarana Deha -o corpo supra-causal. Então aparecem os quatro corpos, e esse que está sentado nesta mesa de quatro pés é Satyanarayana, Parabrahman, Parameshwara. É constante, permanente, como o espaço. Um outro nome para Mula Prakriti é Mahamaya. A “Presenciação” penetra tudo. O corpo sutil é chamado Hiranyagarbha (poder invisível), o corpo grosseiro é chamado Virat. O poder invisível indica o corpo causal, que é como o espaço, isto é, invisível. Conseqüentemente, o Atman tem mil caras, formas e figuras. Isto deve ser compreendido. A compreensão de que só há “unidade” neste panorama da existência aparente chama-se “Adhyatma Vidya” ou conhecimento espiritual.

Nisargadatta Maharaj - A manifestação total

O que faz você considerar-se uma pessoa? Sua identificação com o corpo. Esta personalidade individual irá durar? Ela durará apenas enquanto a identificação com o corpo permanecer. Mas uma vez que haja uma convicção firme de que você não é o corpo, essa individualidade é perdida. É a coisa mais simples, assim que você tem essa convicção que você não é o corpo, automaticamente, instantaneamente, você se torna o total manifesto. Assim que você abandona sua individualidade, você se torna a totalidade manifesta. Mas seu verdadeiro ser está além até mesmo disso que é a manifestação total. E você assume esta individualidade dentro desta manifestação total enquanto você está identificado com o corpo.
Quando não houver individualidade, o que você irá considerar ser esse que senta para meditar e o que irá considerar a meditação? Quando essa individualidade não está lá, quem medita e sobre o que? As pessoas falam muito livremente sobre meditação, mas o que realmente elas fazem? Elas usam a consciência para concentrarem-se em algo. Dhyana é quando este conhecimento, esta consciência de que eu sou, medita sobre si mesma e não em algo além de si mesma.
Quando você diz que precisa sentar para meditação, a primeira coisa a ser feita é entender é que não é a identificação com o corpo que está sentando para meditação, mas esse conhecimento “eu sou”, esta consciência, que está sentando em meditação e está meditando sobre si mesma. Quando isso for firmemente entendido, então torna-se fácil. Quando esta consciência, esta presença consciente, mergulha em si mesma, o estado de Samadhi surge. Quando esse Mana (o entendimento), Buddhi (inteligência), Chitta (Consciência individual), ou qualquer nome que seja usado, emerge nesse estado, então mesmo o conhecimento “eu estou meditando” se perde, ele também mergulha nesse estado. Esse sentimento conceitual de que eu existo é que desaparece e submerge no próprio Ser. Então essa presença consciente também se funde naquele conhecimento, naquela existência – isso é Samadhi.
Aquele conhecimento revela-se e começa a ter conhecimento sobre tudo móvel e imóvel. E esse conhecimento começa a conhecer a si mesmo. E finalmente o que acontece? A presença consciente apenas permanece. Isto é, há apenas a presença consciente, não “eu” ou “você”, ou qualquer coisa. Eu repito: é a presença total; ou seja, a manifestação total – não eu, você ou nenhum indivíduo.
Esta consciência, que está dentro do corpo e que, portanto, enganosamente assumiu que ela é o corpo, gradualmente realiza sua natureza real, realiza que ela é apenas presença consciente sem nenhum aspecto individual inerente. Finalmente, ela considera-se a presença consciente da manifestação total, e toda individualidade é perdida.
Portanto, o que começa como egoísmo (no sentido individual, como identificação com o indivíduo) finalmente torna-se conhecimento do Ser, como sendo a Presença Consciente.