segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Bernard de Clairvaux - A carne resiste ao Espírito que está começando a temer a Deus e tentando fazer o Bem

A razão sugere essas coisas internamente para a vontade de forma mais abundante de acordo com o quanto ela for mais plenamente ensinada pela iluminação do Espírito. Feliz, de fato, é aquele cuja vontade entregou-se e tomou o conselho da razão, de modo que, embora a princípio ele fique temeroso, mais tarde ele é acalentado pelas promessas celestiais e traz o espírito da salvação.


Mas, possivelmente, a vontade é encontrada rebelde e obstinada e não meramente impaciente, mas, pior, depois dos avisos, insensível às ameaças e espinhosa quando lisonjeada. Talvez será descoberto que a vontade não seja movida de maneira alguma pelas sugestões da razão e responda com um flash de raiva: “Quanto tempo mais tenho que lhe aturar? Sua pregação não me move. Sei que você é esperta, mas sua esperteza não me engana.” Talvez, então, a vontade, convidando um a um os membros do corpo, os impelirá mais forte do que nunca a se entregarem aos seus desejos e a agirem perversamente. Essa é contudo uma experiência diária muito familiar para todos nós, que aqueles que estão dando suas mentes para a conversão são tentados muito mais fortemente pelos desejos da carne e aqueles que buscam sair do Egito e escapar do Faraó são forçados mais duramente a fabricar tijolos de argila. (Ex. 1:14; 5:19-21)


Poderia tal pessoa desviar-se da impiedade e ter cuidado para não cair naquele terrível abismo do qual está escrito, “O homem impiedoso não pensa em nada disso quando ele chega nas profundezas da perversidade” (Prov. 18:3). Ele pode ser curado apenas pelo remédio mais poderoso e ele irá facilmente falhar, ao menos que ele cuide de seguir o conselho do médico e faça o que ele lhe diz. A tentação é feroz. Ela leva um homem perto do desespero, a menos que ele junte todas as suas forças para ter pena de sua alma, a qual ele vê estar tão miserável e lastimável, mude sua atitude, e ouça a voz daquele que diz: “Felizes aqueles que choram, pois eles serão confortados.” (Mat. 5:4)


Deixe-o prantear abundantemente, pois a hora de chorar chegou e seu estado é para ser chorado grandemente. Que chore, mas não sem amor sagrado e esperança de consolação. Que ele tenha em mente que não pode encontrar conforto em si mesmo, pois tudo está cheio de miséria e desolação. Que ele mantenha em mente que não existe bem em sua própria carne, e que este mundo perverso não oferece nada além de vaidade e aflição do espírito. Que ele considere, eu digo, que nem dentro ou abaixo ou ao redor dele alguma consolação será encontrada, de modo que por fim ele possa aprender a buscar o que deve ser buscado acima e ter esperança por aquilo que vem do alto. Por hora, deixe-o chorar lamentando seu pesar. Que seus olhos derramem água. Que suas pálpebras não se fechem no sono. Verdadeiramente, o olho que anteriormente estava na escuridão é purificado pelas lágrimas e tem sua visão aguçada, para que ele possa estar apto a contemplar dentro da claridade daquela luz mais serena.

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