terça-feira, 27 de outubro de 2009

Rodney Collin - A lembrança de si é estar ciente da presença de Deus

Consciência* e consciência moral* são a mesma coisa. Consciência é estar ciente* do meio que nos cerca e de nós dentro dele. Consciência moral é estar ciente dos efeitos de nossas ações em nosso meio. É um estado de alerta para o certo e o errado. Estado de alerta, estado de estar ciente, ambos significam estar acordado, lembrar de si mesmo. Consciência moral é o estado de alerta da mente, das três partes da mente que se reúnem em nós e formam a consciência. A consciência moral é incorruptível, é o melhor que temos. É a continuidade da vida para a eternidade. Significa pensar, projetar. Não estamos aqui para fazer nada fisicamente, temos de desenvolver nossas mentes. Isso nos faz crescer espiritualmente. Devemos desenvolver nossas mentes, pois quanto mais desenvolvida a mente, mais desenvolvida torna-se a consciência moral. Se usarmos nossas mentes não há nada neste mundo que não possamos compreender, se temos a vontade de descobrí-lo. Temos uma consciência moral e uma vontade. A consciência pode dizer-nos para não fazer isto ou aquilo, mas sem vontade não podemos obedecê-la. A vontade introduz a consciência moral no pensamento.

Como somos, o que fazemos está pré-determinado, mas se adquirirmos vontade, o que fazemos não é predeterminado. Nossos movimentos físicos são predeterminados, se andamos, é predeterminado que movamos primeiro um pé e depois o outro. Se decidirmos sentar, é pré-determinado que dobraremos os joelhos. Se estivermos sujos, é pré-determinado que continuaremos a estar sujos até que façamos um esforço para estarmos limpos e predeterminarmos que limpos ficaremos. Controlamos nossa respiração através de uma mente limpa. Se nossa consciência moral estiver suja estaremos perturbados e nossa respiração ficará perturbada.
A consciência moral é a voz do espírito. O reconhecimento da consciência moral está na alma. O corpo não consegue reconhecer a consciência moral porque ele é físico. A ponte entre a consciência moral e o corpo é o reconhecimento, a alma. A alma aceita, olha. Se vemos algo bonito e percebemo-nos, isso é a operação da alma. Isso é a lembrança de si. É necessário sempre fazer a ligação entre o espírito e o corpo, caso contrário apenas existimos, sem Ser. O primeiro passo é saber que nós somos, que temos uma mente. O segundo é ter uma consciência moral, reconhecer a consciência. O terceiro é saber o nosso objetivo. O quarto é conhecermos a nós mesmos e sermos humildes. Essa é a lembrança de si real. No início, podemos ser guiados, mas depois do primeiro ou do segundo passo nós mesmos temos de decidir se vamos para cima ou para baixo. Pois Deus nos deu o livre-arbítrio e nem mesmo Ele pode nos obrigar a ir em alguma direção. Nós mesmos temos de decidir. Temos de tomar decisões constantemente porque nos falta vontade e um centro de gravidade permanente.

Nossas possibilidades são os maiores bens que temos. A fim de que elas possam ser realizadas não devemos reforçar as nossas fraquezas. Toda a ação sem vontade é negativa. Existe apenas uma vontade; é como uma luz que devemos seguir sempre; ela tem de estar vibrando o tempo todo. Fazemos isso ao querer isso. A vontade é essencial para todos. Sem ela não podemos ir a lugar algum. Com vontade, podemos fazer a nós mesmos Ser. Ninguém além de nós mesmos pode nos dar vontade. Uma vez que Deus nos deu o livre arbítrio, nem mesmo Ele pode tocar nisso. Livre-arbítrio significa a capacidade de escolher se queremos ou não exercer o pouco da vontade que temos. O espírito e corpo não nos pertencem, mas a alma sim, porque ela é vontade. A única coisa que realmente pertence a nós é a nossa vontade.
Todos têm uma vontade, embora pensemos que não temos nenhuma. Uma ação é completada por uma das duas causas seguintes: ou o impulso que a iniciou é forte o suficiente para levá-la até o fim, ou temos força de vontade suficiente para completá-la. Estamos constantemente completando ações por nossa própria vontade, mas elas são tão pequenas e insignificantes comparadas às ações concluídas pela força do impulso original que não as notamos. Além disso, estamos muito mais aptos a perceber as instâncias onde nossa vontade não foi suficientemente forte para concluir uma ação do que aquelas em que ela era forte o suficiente para concluí-la. Vontade é a coisa mais forte que existe - a correta vontade.

Não podemos ser perfeitos, isso é impossível. Mas temos de ser fortes. Temos a chave: honestidade, veracidade e sinceridade. A maneira de estar vivo é ajudar os outros a estarem vivos. Se esquecemos de nós mesmos a fim de ajudar os outros, temos atenção. Atenção exige vontade. Nós mesmos e o objeto de nossa atenção são dois fatores, a vontade é o terceiro. Quando os três fatores se juntam o resultado é que estamos mais vivos, somos nós mesmos, temos ser. Podemos perder nosso ser através do hábito de agir mecanicamente. Se a vontade estiver apegada ao corpo, nosso ser diminui. A vontade tem de obedecer o nosso ser e não o corpo. Se agirmos a partir do ser agiremos corretamente, mas se nossos "eus" ficam no caminho não estaremos corretos. Podemos fazer a nossa essência crescer e desenvolver o nosso ser. Se temos ser temos alma, pois com ser temos vontade. É o trabalho da vontade fazer a essência alcançar o ser. Através da vontade podemos desenvolver um ser maior do que aquele com o qual nascemos.

Temos de aprender a harmonizar o corpo com o espírito. Devemos lembrar do nosso corpo físico, da nossa alma e do nosso espírito; lembrar de nós mesmos. Nós não podemos lembrar de nós mesmos até que esqueçamos de nós mesmos. Se estivermos cientes do meio que nos cerca e cientes dos nossos olhos vendo-o, não estamos pensando em nós mesmos. Os olhos com os quais vemos não são nós mesmos. Há uma enorme diferença entre o pensar sobre nós mesmos e lembrar de nós mesmos. Não esquecemos nosso nome e endereço embora não estejamos pensando neles o tempo todo. O espírito sempre sabe e se lembra que ele está na presença de Deus. Não só o espírito, o corpo também sabe. Embora tome isso como garantido, ele não esquece.

O Espírito é puro - a coisa mais pura que temos. Devemos purificar nossos instintos. Pouco a pouco temos de tirar o que é impuro em nós, a fim de abrir espaço para a pura destilação do espírito. Fazemos isso através da lembrança de si, isto é, ao estarmos atentos e abertos, utilizando o todo de nós mesmos: o instinto, o coração e o intelecto.
Existe hipocrisia em todos nós. Todos nós temos um inimigo em nós mesmos. Mas também temos um anjo do outro lado. Existe uma pessoa que nunca nos faltará, o nosso Anjo da Guarda, se criarmos o hábito de pedir-lhe ajuda. Devemos escolher de que lado queremos ir, a que caminho queremos nos inclinar. Se escolhermos direito, o fazemos através da lembrança de si. É um trabalho muito sábio mas temos de entendê-lo direito. Cada pessoa tem de criar a lembrança de si para si mesma de sua própria maneira, mesmo em sua própria religião. Não importa que religião temos; Alá e Deus são o mesmo. O único Mestre é Deus, o único professor somos nós mesmos. Ninguém pode forçar os outros a acreditar Nele. Todo mundo tem de encontrar sua própria maneira, seu próprio entendimento, sua própria consciência alerta. Temos de aceitar por nós mesmos, para nós mesmos, o que a lembrança de si significa para nós. A lembrança de si é o poço das virtudes, o alimento da alma. A lembrança é tudo. A lembrança de si é a divindade.

É muito importante saber o que é a lembrança de si, o que é a alma, o que é consciência. Cada indivíduo deveria descobrir o que são para ele através do desenvolvimento de sua mente para poder aceitar e reconhecer. É somente através da lembrança de si que podemos dominar todas as circunstâncias necessárias para perfeição total da vida. Podemos fazê-lo se quisermos e objetivarmos isso. Não devemos tirar conclusões precipitadas, mas sim estudar por completo.
Temos de ligar o céu e a terra, viver entre a terra e o céu. Quando oramos, quando ajudamos os outros, ligamos a terra e o céu. Há tanta beleza no mundo. Quando olhamos para toda essa beleza e perfeição, como podemos evitar a lembrança de si? Quando lembramos de nós mesmos lembramos de Deus. Reconhecer a beleza é lembrança de si; comunicar-se com o alto é lembrança de si; sentir a beleza, sentir a verdade, isso é a lembrança de si. A lembrança de si não é imaginação. As pessoas pensam que estão lembrando de si quando controlam seus sentimentos. Isso não é lembrança de si. A lembrança de si é estar ciente da presença de Deus.


* Na língua portuguesa a tradução para as palavras em inglês - 'Conscience', 'consciousness' e 'awareness' é consciência. Essas três palavras são de enorme importância na linguagem espiritual e embora possam ser traduzidas, e até certo ponto significarem consciência, elas não significam realmente a mesma coisa. No texto acima na ausência de melhores termos, 'conscience' foi traduzido como consciência moral, 'conciousness' como consciência, e 'awareness' como estar ciente.

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