sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Sr. Ouspensky - Cada coisa é atravessada por todas as matérias que existem no universo


Toda a matéria do mundo que nos rodeia, o alimento que comemos, a água que bebemos, o ar que respiramos, as pedras de que são construídas as nossas casas, nossos próprios corpos – cada coisa é atravessada por todas as matérias que existem no universo. Não é necessário estudar cientificamente o Sol para descobrir a matéria do mundo solar, essa matéria existe em nós mesmos e é o resultado da divisão de nossos átomos, do mesmo modo temos em nós mesmos as matérias de todos os mundos. O homem é no sentido pleno dessa palavra, um universo em miniatura. Todas as matérias de que é constituído o Universo estão nele. As mesmas forças, as mesmas leis que governam a vida do universo, agem nele. É por isso que ao estudarmos o homem, podemos estudar o universo inteiro, exatamente do mesmo modo que, estudando o mundo, podemos estudar o homem.

Al Ghazali - O peregrino e a caravana

A alma deveria tomar conta do corpo, assim como o peregrino no seu caminho para Meca toma conta do seu camelo, mas se o peregrino passa todo seu tempo alimentando e adornando seu camelo, a caravana o deixará para trás e ele irá perecer no deserto.

Sr. Ouspensky - Record of meetings

Pergunta: A lembrança de si era uma característica do antigo conhecimento esotérico?
Ouspensky: Sempre, em toda a parte. Apenas algumas vezes, nas escolas religiosas, por exemplo, foi designada por um nome diferente. Isso não é arbitrário. É uma etapa necessária em nosso desenvolvimento, não uma tarefa imposta arbitrariamente. É preciso passar por ela e só se pode passar de uma forma.
Pergunta: Cristo alguma vez falou sobre ela – com quais palavras?
Ouspensky: Em cada página. Palavras diferentes. Por exemplo, ‘Não durmai’, ‘Vigiai’ – todo o tempo.
Pergunta: Se a identificação é uma perturbação emocional, o que causa esta perturbação. Por que é assim?
Ouspensky: Qualquer coisa, qualquer coisa no mundo pode causá-la. É difícil dizer o por quê. Pode ser um número excessivo de ‘eus’, falta de controle se quiser. Mas ‘o por quê’ não é tão interessante. Não estudamos o por quê. Estudamos o 'como'. Não podemos saber por que, ou sabemos apenas algumas vezes. Não temos controle; não sabemos que não temos controle e muitas outras coisas. Isso causa identificação. Nascemos rodeados de pessoas que sempre estão identificadas e por imitação inconsciente, nos tornamos iguais a elas.
Pergunta: Você disse que a Natureza era contrária ao desenvolvimento do homem. O desenvolvimento do homem é antinatural, não é?
Ouspensky: Sim, de certo modo. Os níveis são diferentes. A natureza criou o homem parcialmente desenvolvido, e por assim dizer, o deixou aí. Isso significa que a Natureza, a Natureza mais próxima, por assim dizer, necessita dele como ele é. Ao mesmo tempo a Natureza o criou com uma possibilidade de desenvolvimento, isto significa que ela pode usar o homem desenvolvido para algum propósito. As duas coisas são naturais – o fato de que o homem é parcialmente desenvolvido e o fato de que ele pode se desenvolver.
Pergunta: Você disse há um tempo atrás que vivemos sob 48 leis. Quais são elas?
Ouspensky: A Terra está sob 48 leis. Gravidade, coisas assim. Muitas, muitas leis sob as quais vive a Terra – movimento, leis físicas, leis químicas.
Pergunta: Você disse que à medida que progredimos podemos eliminar algumas delas.
Ouspensky: Eu disse que a Terra vive sob 48 leis. O homem vive sob muito, muito mais do que 48. Algumas conhecemos – leis físicas, biológicas. Depois vêm as leis muito simples – a ignorância, por exemplo. Não conhecemos a nós mesmos, isso é uma lei. Se começamos a conhecer a nós mesmos, ficamos livres de uma lei. Não podemos aprender ‘esta é uma lei, esta outra lei, esta uma terceira lei’. Para muitas delas não temos nomes. Todas as pessoas vivem sob a lei da identificação. Essa é uma lei. Aqueles que começam a lembrar de si mesmos podem se livrar da lei da identificação. Dessa forma podemos conhecer essas leis.

Siddharameshwar Maharaj - Toda aparência é ilusão


Toda a aparência é ilusão (Maya) e o “presenciador” é Brahman. O que é visto, ou seja, a aparência, é falso, e o que vê é Brahman. Há uma declaração nos Vedas que diz que existem somente duas entidades, aquilo é visto e Aquele que vê. O Vedanta declara isso de maneira contundente. Neste mundo não há nada além do observador e do observado. Aquele que reside no coração de cada um é Brahman, e Ele é “Real”.
Quem se refugia no que é visto, perece; e quem se refugia em Brahman, alcança o estado Dele. Se você concentrar a atenção no visto (no mundo objetivo), você será destruído assim como aquilo que é visto (o mundo objetivo). A pergunta é, se aquilo que é visto não é verdadeiro, por que é visível, então? O que é visto é falso, porque tudo o que é visto é a magia criada pelo olho. É por isso que não é verdadeiro. No espelho vemos um rosto, isso implica que parecem existir dois rostos; significa então, que hajam dois “você”? O fato é que “você” é somente um, mas, entretanto, parecem existir dois. Um pintor pinta quadros com tinta e diz: “esta é uma montanha, este é o Sr. Vishnu, esta é a Deusa Laskmi”. Você aceita isso como real? Você é o criador. O que na realidade é madeira (a tela), aceitamos como se fosse carne. É o milagre do olho. Aquele que adorar o ‘Si mesmo Real’ desvendará o próprio ‘Si mesmo Real’. Este mundo mortal é feito de terra e será reduzido a poeira apenas. O corpo humano vem da maternidade e vai para o túmulo. Devemos comer o interior do côco e jogar a casca. Aquele que come a casca, consegue só quebrar os dentes.