segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Ramana Maharshi - Self-enquiry (Atma-Vichara)


O primeiro pensamento a surgir na mente é o pensamento "eu". Todos os outros inumeráveis pensamentos surgem apenas depois do pensamento "eu" e têm nele sua origem. Em outras palavras, apenas depois do pronome de primeira pessoa “eu” surgir, é que os pronomes de segunda e terceira pessoa, “tu” e “ele”, ocorrem para a mente; estes não subsistem sem aquele.
Como todos os outros pensamentos só podem surgir depois do aparecimento do pensamento "eu", e como a mente nada mais é do que um conglomerado de pensamentos, é apenas voltando a atenção para o pensamento "eu", através da inquirição “Quem sou eu?”, que a mente será extinta. Além disso, o pensamento "eu", implícito na investigação “Quem sou eu?”, destruirá todos os outros pensamentos, como uma vareta que quando usada para avivar uma fogueira, é também consumida no final.
Você não precisa eliminar nenhum falso “eu”. Como pode o “eu” eliminar a si mesmo? Tudo o que você precisa fazer é encontrar a Fonte do “eu”, e permanecer lá. O seu esforço só pode levá-lo até esse ponto. A partir daí o Transcendental vai tomar conta de si mesmo. Você não pode fazer mais nada então. Nenhum esforço pode chegar até Ele.
O pensamento “eu” é como um fantasma que, apesar de ser impalpável, surge simultaneamente com o corpo, vive e desaparece junto com ele. A consciência “eu sou o corpo/este é meu corpo” é o falso eu. Abandone-a. Você pode fazer isso buscando a fonte do sentimento “eu”. O corpo não diz “eu sou”. É você que diz “eu sou o corpo”. Descubra o que é esse “eu”; busque sua fonte e ele desaparecerá.

domingo, 28 de dezembro de 2008

Ramana Maharshi - Um verso


Pode haver espaço, pode haver tempo, exceto para mim mesmo?
O espaço e o tempo me atam apenas se sou o corpo.
Eu não estou em nenhuma parte, eu sou sem tempo.
Eu existo em toda parte e sempre.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Nisargadatta Maharaj - Dia 8 de Novembro de 1980


Pergunta: Por que é que nós naturalmente parecemos pensar em nós mesmos como indivíduos separados?
Maharaj: Seus pensamentos sobre individualidade não são realmente seus próprios pensamentos, são todos pensamentos coletivos. Você pensa que você é a pessoa que tem os pensamentos, mas de fato os pensamentos surgem dentro da consciência. Conforme nosso conhecimento espiritual cresce, nossa identificação com um corpo-mente individual diminui, e nossa consciência expande-se na consciência universal. A força da vida continua a atuar, mas seus pensamentos e ações já não são limitados a um indivíduo. Transformam-se na manifestação total. É como a ação do vento - o vento não sopra para nenhum indivíduo em particular, mas para a manifestação total.
Q: Como um indivíduo, é possível retornar à fonte?
M: Não como um indivíduo, o conhecimento “eu sou” deve retornar à sua própria fonte. Agora, a consciência identificou-se com uma forma. Mais tarde, ela compreende que não é essa forma e segue adiante. Em alguns casos ela pode alcançar o espaço, e muito frequentemente, pára ali. Em pouquíssimos casos ela alcança sua fonte real, além de todo condicionamento.
É difícil abandonar essa inclinação de identificar o corpo como sendo o 'Ser' (Self). Eu não estou falando com um indivíduo, estou falando para a consciência. É a consciência que deve procurar sua fonte. Daquele estado de não-ser surge o sentido de existência. Ele surge tão quietamente quanto o crepúsculo, com apenas uma sensação de “eu sou” e então de repente o espaço está lá. No espaço, o movimento começa com o ar, o fogo, a água, e a terra. Todos estes cinco elementos são justamente você. De sua consciência tudo isto aconteceu. Não há nenhum indivíduo. Há somente você, o funcionamento total é você, a consciência é você. Você é a consciência, todos os títulos dos deuses são os seus nomes, mas identificado ao corpo você se entrega ao tempo e à morte - você está impondo isso a você mesmo. Eu sou o universo total. Quando eu sou o universo total não tenho necessidade de nada porque eu sou todas as coisas. Mas abarrotei eu mesmo em uma coisa pequena, um corpo; fiz de mim um fragmento e tornei-me necessitado de coisas. Eu preciso de tantas coisas sendo um corpo. Na ausência de um corpo, você existe; quando não tinha um corpo você existia? Você estava lá ou não? Alcance esse estado que é e era anterior ao corpo. Sua natureza verdadeira está aberta e livre, mas você a encobre, você dá a ela várias formatações.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Sr. Ouspensky - Cada coisa é atravessada por todas as matérias que existem no universo


Toda a matéria do mundo que nos rodeia, o alimento que comemos, a água que bebemos, o ar que respiramos, as pedras de que são construídas as nossas casas, nossos próprios corpos – cada coisa é atravessada por todas as matérias que existem no universo. Não é necessário estudar cientificamente o Sol para descobrir a matéria do mundo solar, essa matéria existe em nós mesmos e é o resultado da divisão de nossos átomos, do mesmo modo temos em nós mesmos as matérias de todos os mundos. O homem é no sentido pleno dessa palavra, um universo em miniatura. Todas as matérias de que é constituído o Universo estão nele. As mesmas forças, as mesmas leis que governam a vida do universo, agem nele. É por isso que ao estudarmos o homem, podemos estudar o universo inteiro, exatamente do mesmo modo que, estudando o mundo, podemos estudar o homem.

Al Ghazali - O peregrino e a caravana

A alma deveria tomar conta do corpo, assim como o peregrino no seu caminho para Meca toma conta do seu camelo, mas se o peregrino passa todo seu tempo alimentando e adornando seu camelo, a caravana o deixará para trás e ele irá perecer no deserto.

Sr. Ouspensky - Record of meetings

Pergunta: A lembrança de si era uma característica do antigo conhecimento esotérico?
Ouspensky: Sempre, em toda a parte. Apenas algumas vezes, nas escolas religiosas, por exemplo, foi designada por um nome diferente. Isso não é arbitrário. É uma etapa necessária em nosso desenvolvimento, não uma tarefa imposta arbitrariamente. É preciso passar por ela e só se pode passar de uma forma.
Pergunta: Cristo alguma vez falou sobre ela – com quais palavras?
Ouspensky: Em cada página. Palavras diferentes. Por exemplo, ‘Não durmai’, ‘Vigiai’ – todo o tempo.
Pergunta: Se a identificação é uma perturbação emocional, o que causa esta perturbação. Por que é assim?
Ouspensky: Qualquer coisa, qualquer coisa no mundo pode causá-la. É difícil dizer o por quê. Pode ser um número excessivo de ‘eus’, falta de controle se quiser. Mas ‘o por quê’ não é tão interessante. Não estudamos o por quê. Estudamos o 'como'. Não podemos saber por que, ou sabemos apenas algumas vezes. Não temos controle; não sabemos que não temos controle e muitas outras coisas. Isso causa identificação. Nascemos rodeados de pessoas que sempre estão identificadas e por imitação inconsciente, nos tornamos iguais a elas.
Pergunta: Você disse que a Natureza era contrária ao desenvolvimento do homem. O desenvolvimento do homem é antinatural, não é?
Ouspensky: Sim, de certo modo. Os níveis são diferentes. A natureza criou o homem parcialmente desenvolvido, e por assim dizer, o deixou aí. Isso significa que a Natureza, a Natureza mais próxima, por assim dizer, necessita dele como ele é. Ao mesmo tempo a Natureza o criou com uma possibilidade de desenvolvimento, isto significa que ela pode usar o homem desenvolvido para algum propósito. As duas coisas são naturais – o fato de que o homem é parcialmente desenvolvido e o fato de que ele pode se desenvolver.
Pergunta: Você disse há um tempo atrás que vivemos sob 48 leis. Quais são elas?
Ouspensky: A Terra está sob 48 leis. Gravidade, coisas assim. Muitas, muitas leis sob as quais vive a Terra – movimento, leis físicas, leis químicas.
Pergunta: Você disse que à medida que progredimos podemos eliminar algumas delas.
Ouspensky: Eu disse que a Terra vive sob 48 leis. O homem vive sob muito, muito mais do que 48. Algumas conhecemos – leis físicas, biológicas. Depois vêm as leis muito simples – a ignorância, por exemplo. Não conhecemos a nós mesmos, isso é uma lei. Se começamos a conhecer a nós mesmos, ficamos livres de uma lei. Não podemos aprender ‘esta é uma lei, esta outra lei, esta uma terceira lei’. Para muitas delas não temos nomes. Todas as pessoas vivem sob a lei da identificação. Essa é uma lei. Aqueles que começam a lembrar de si mesmos podem se livrar da lei da identificação. Dessa forma podemos conhecer essas leis.

Siddharameshwar Maharaj - Toda aparência é ilusão


Toda a aparência é ilusão (Maya) e o “presenciador” é Brahman. O que é visto, ou seja, a aparência, é falso, e o que vê é Brahman. Há uma declaração nos Vedas que diz que existem somente duas entidades, aquilo é visto e Aquele que vê. O Vedanta declara isso de maneira contundente. Neste mundo não há nada além do observador e do observado. Aquele que reside no coração de cada um é Brahman, e Ele é “Real”.
Quem se refugia no que é visto, perece; e quem se refugia em Brahman, alcança o estado Dele. Se você concentrar a atenção no visto (no mundo objetivo), você será destruído assim como aquilo que é visto (o mundo objetivo). A pergunta é, se aquilo que é visto não é verdadeiro, por que é visível, então? O que é visto é falso, porque tudo o que é visto é a magia criada pelo olho. É por isso que não é verdadeiro. No espelho vemos um rosto, isso implica que parecem existir dois rostos; significa então, que hajam dois “você”? O fato é que “você” é somente um, mas, entretanto, parecem existir dois. Um pintor pinta quadros com tinta e diz: “esta é uma montanha, este é o Sr. Vishnu, esta é a Deusa Laskmi”. Você aceita isso como real? Você é o criador. O que na realidade é madeira (a tela), aceitamos como se fosse carne. É o milagre do olho. Aquele que adorar o ‘Si mesmo Real’ desvendará o próprio ‘Si mesmo Real’. Este mundo mortal é feito de terra e será reduzido a poeira apenas. O corpo humano vem da maternidade e vai para o túmulo. Devemos comer o interior do côco e jogar a casca. Aquele que come a casca, consegue só quebrar os dentes.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Jalaluddin Rumi - Pegue a pérola da concha

Saiba que a forma exterior passa, mas o
Mundo do Significado permanece para sempre.
Quanto tempo te enamorarás do formato do jarro?
Deixe de lado o formato do jarro: Vá buscar água!
Tendo visto a forma, não percebes o significado.
Se és sábio, pega a pérola da concha.

Site - Philosophia Perennis

Site com muitos textos relacionados à verdadeira espiritualidade - Philokalia, Sufismo, Vedanta, Quarto Caminho - em Português e Espanhol

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

La Tzu - Tao Te Ching

O Tao de que se pode falar não é o verdadeiro e eterno Tao.
O nome que pode ser dito não é o verdadeiro nome.
O que não tem nome é a origem do Céu e da Terra
E o nomear é a mãe de todas as coisas.
Sem a intenção de o considerar,
Podemos apreender o mistério e suas sutilezas
Através da sua ausência de forma.
Tentando considerá-lo, só podemos ver sua manifestação
Nas formas que definem o limite das coisas.
Ambos provêm da mesma fonte e são o mesmo.
Diferem devido apenas ao aparecimento dos nomes.
São o mistério mais profundo, a porta para todos os mistérios.

Nisargadatta Maharaj - O Ser permanece além da mente

Pergunta: Quando era criança, com muita frequência eu experimentava estados de felicidade completa, próximos ao êxtase. Mais tarde, esses estados acabaram mas, desde que vim para a Índia, eles reapareceram, particularmente desde que encontrei você. Ainda assim, apesar de serem maravilhosos, esses estados não duram. Chegam e se vão, e não se sabe quando voltarão.

Maharaj: Como pode haver algo estável em uma mente que em si mesma não é estável?

P: Como podemos estabilizar a mente?

M: Como poderia uma mente inconstante fazer-se estável? Certamente não é possível. A natureza da mente é vagar. Tudo o que você pode fazer é colocar o foco da consciência além da mente.

P: Como isso é feito?

M:Evite todos os pensamentos exceto um: o pensamento “eu sou”. A mente irá rebelar-se a princípio, mas, com paciência e perseverança, ela cederá e permanecerá quieta. Uma vez que você esteja quieto, as coisas começarão a acontecer espontaneamente e de forma muito natural, sem nenhuma interferência de sua parte.

P: Posso evitar essa longa batalha com minha mente?

M: Sim, você pode. Simplesmente viva sua vida como vier, mas sempre alerta, vigilante, permitindo que tudo ocorra da maneira que ocorrer, fazendo as coisas naturais de um modo também natural, sofrendo, gozando, como a vida se apresentar. Essa também é uma maneira de viver.

P: Bom, então posso casar-me, ter filhos, levar um negócio, ser feliz ...

M: Claro que sim. Você pode ser feliz ou não; aceite-a calmamente.

P: Mas eu quero felicidade.

M: Não se pode encontrar a verdadeira felicidade nas coisas que mudam e morrem. O prazer e a dor se alternam inexoravelmente. A felicidade procede do Ser e só pode ser encontrada no Ser. Encontre seu Ser Real (swarupa) e tudo chegará com ele.

P: Se meu Ser real é cheio de paz e de amor por que sou tão inquieto?

M: O seu Ser Real não é inquieto, mas o reflexo dele na mente parece assim, já que a própria mente é inquieta. É como o reflexo da lua na água agitada pelo vento. O vento do desejo move a mente, e o “eu”, que não é senão um reflexo do Ser na mente, parece mutável. Mas essas idéias de movimento, de inquietude, de prazer e dor, estão todas na mente. O Ser está além da mente, consciente, mas desapegado.

P: Como alcançá-lo?

M: Você é o Ser, aqui e agora. Deixe a mente em paz, seja consciente e despreocupado e você compreenderá que permanecer alerta, mas desapegado, observando como os fatos vão e vêm, é um aspecto de sua verdadeira natureza.

P: Quais são os outros aspectos?

M: Os aspectos são infinitos em número. Compreenda um e você compreenderá todos.

P: Diga-me algo que possa ajudar-me.

M: Você sabe melhor o que precisa!

P: Estou inquieto. Como posso obter paz?

M: Para que você necessita de paz?

P: Para ser feliz.

M: Você não é feliz agora?

P: Não, não sou.

M: O que o torna infeliz?

P: Tenho o que não quero e quero o que não tenho.

M: Por que não inverter? Queira o que você tem e não se preocupe com o que não tem.

P: Eu quero o que é agradável e não quero o que é doloroso.

M: Como é que você sabe o que é agradável e o que não é?

P: Através de experiências passadas, certamente.

M: Guiado pela memória, você tem perseguido o agradável e tentado escapar do desagradável. Você tem tido êxito?

P: Não, não tenho tido. O agradável não dura. A dor sempre volta.

M: Que dor?

P: O desejo de prazer, o medo da dor, ambos são estados de sofrimento. Existe um estado de puro prazer?

M: Cada prazer, físico ou mental, necessita um instrumento. Os instrumentos físicos e mentais são materiais, portanto, se desgastam e se esgotam. O prazer que proporcionam é, necessariamente, limitado em intensidade e duração. A dor é o pano de fundo de todos os prazeres. Você os deseja porque sofre. Por outro lado, a própria busca do prazer é a causa da dor. É um circulo vicioso.

P: Posso ver o mecanismo de minha confusão, mas não vejo a saída.

M: O próprio exame do mecanismo mostra a saída. Afinal de contas, a confusão está só na mente, a qual nunca se rebelou totalmente contra a confusão nem chegou a combatê-la. Ela só se rebelou contra a dor.

P: Então, tudo o que posso fazer é permanecer confuso?

M: Esteja alerta. Investigue, observe, pergunte, aprenda tudo quanto possa sobre a confusão, como funciona, qual é o seu efeito em você e nos demais. Ao ver claramente a confusão, você se libertará dela.

P: Quando olho para mim mesmo, vejo que meu desejo mais forte é criar um monumento, construir algo que dure mais que eu. Inclusive quando penso em um lar – esposa e filhos – é porque ele é sólido, duradouro, uma prova para mim mesmo.

M: Certo, construa um monumento para si. Como quer fazer isso?

P: Não importa o que eu construa, desde que seja permanente.

M: Certamente, você pode ver por si mesmo que nada dura. Tudo fica gasto, quebra e se dissolve. O próprio alicerce sobre o qual você constrói irá ceder um dia. O que você pode construir que sobreviva a tudo?

P: Intelectualmente, verbalmente, estou ciente de que tudo é transitório. Ainda assim, meu coração quer permanência. Quero criar algo duradouro.

M: Então você deve construir sobre algo duradouro. O que você tem que seja duradouro? Nem seu corpo nem sua mente durarão. Você tem que buscar em outra parte.

P: Desejo permanência, mas não a encontro em nenhum lugar.

M: Não é você mesmo permanente?

P: Eu nasci e morrerei.

M: Você pode dizer verdadeiramente que você não existia antes de nascer, e poderá dizer depois da morte: 'agora já não existo?' Você não pode dizer, pela sua própria experiência, que você não existe. Só pode dizer: “eu sou” (eu existo). Os outros também não podem dizer-lhe que “você não é”.

P: Não há “eu sou” no sono.

M: Antes de fazer afirmações tão incisivas, examine cuidadosamente seu estado desperto. Cedo você descobrirá que ele está cheio de intervalos onde a mente fica em branco. Perceba o quão pouco você se lembra, mesmo quando está totalmente desperto. Você não pode dizer que não estava consciente durante o sono. Você apenas não se lembra. Uma lacuna na memória não é necessariamente uma lacuna na consciência.

P: Posso chegar a recordar meu estado no sono profundo?

M: Certamente! Ao eliminar os intervalos de inadvertência durante as horas de vigília, gradualmente você eliminará o grande intervalo de inadvertência mental que você chama sono. Você estará ciente de estar dormindo.

P: Mas o problema da permanência, da continuidade do ser, não é resolvido.

M: A permanência é uma mera idéia, nascida da ação do tempo. Por sua vez, o tempo depende da memória. Você chama de permanência uma memória contínua através do tempo ilimitado. Você quer eternizar a mente, o que não é possível.

P: Então, que é o eterno?

M: Aquilo que não muda com o tempo. Você não pode eternizar algo transitório, apenas o imutável é eterno.

P: Estou familiarizado com o sentido geral do que você diz. Não anseio mais conhecimento, tudo o que quero é paz.

M: Você pode ter toda a paz que quiser, basta pedir.

P: Estou pedindo.

M: Você deve pedir com um coração não dividido e deve viver uma vida íntegra.

P: Como?

M: Desapegue-se de tudo aquilo que deixa sua mente inquieta. Renuncie tudo que perturbe a paz dela. Se você quer paz, mereça-a.

P: Certamente, todo mundo merece paz.

M: Só a merecem aqueles que não a perturbam.

P: De que modo eu perturbo a paz?

M: Sendo escravo de seus desejos e temores.

P: Inclusive quando são justificados?

M: As reações emocionais nascidas da ignorância ou da inadvertência nunca são justificadas. Busque uma mente clara e um coração limpo. Tudo o que você necessita é permanecer tranqüilamente alerta, investigando a natureza real de si mesmo. Esse é o único caminho para a paz.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Meher Baba - Sparks of the Truth


Deus é a eterna fonte da vida e do poder. As diferentes almas no mundo compartilham dessa vida e poder em vários níveis de acordo com sua proximidade espiritual a Deus. Quanto mais próximos estamos de Deus ou da verdade, menos separados nos sentimos e maior é nossa vida e nosso poder. Aqueles que se tornam um com Deus são o infinito reservatório de todo o poder, vida, sabedoria e felicidade. Mas os outros compartilham igualmente tudo isso em um grau limitado, de acordo com sua estação no universo. Se o mestre que realizou Deus for comparado a uma central de energia elétrica principal onde a eletricidade é gerada, as outras almas podem ser comparadas a centrais secundárias ou a baterias de armazenamento que recebem e conservam um grau limitado de eletricidade e também podem usá-la dentro dos limites de suas respectivas capacidades .

Meher Baba - O começo e o fim da criação

Enquanto a mente humana não experimenta diretamente a realidade final assim como ela é, a mente é frustrada em toda tentativa de explicar a origem do propósito da criação. O passado remoto parece ser carregado de insondável mistério e o futuro parece ser um livro completamente lacrado. A mente humana pode no máximo fazer conjecturas brilhantes sobre o passado e o futuro do universo, pois ela está limitada pelo feitiço de Maya. Ela não pode nem chegar ao conhecimento final desses pontos e nem permanecer satisfeita com a ignorância sobre eles.
“De onde?” e “Para onde?” são os dois questionamentos perpétuos e pungentes que tornam a mente humana divinamente inquieta. A mente humana não pode reconciliar-se ao infinito regresso na sua busca pela origem do mundo, nem pode reconciliar-se às infindáveis mudanças sem objetivo. A evolução é ininteligível se não tem uma causa inicial e é desprovida de qualquer significado se ela como um todo não levar a algum fim.
As próprias questões “De onde?” e “Para onde?” pressupõem o começo e o fim desta criação evolutiva. O começo da evolução é o começo do tempo e o fim da evolução é o fim do tempo. A evolução tem tanto começo quanto fim, porque o tempo também os têm. Entre o começo e o fim deste mundo mutável existem muitos ciclos, mas há, dentro e através desses ciclos, uma continuidade da evolução cósmica. O término real do processo evolucionário é chamado Mahapralaya, ou a grande aniquilação do mundo, quando o mundo torna-se o que ele era no início, digamos, Nada. O Mahapralaya do mundo pode ser comparado ao sono de uma pessoa. Assim como o variado mundo das experiências desaparece completamente para o indivíduo que está em sono profundo, o cosmos objetivo inteiro, que é a criação de Maya, se esvai dentro do nada na hora do Mahapralaya. É como se o universo realmente nunca tivesse existido.
Mesmo durante seu período evolucionário o universo é em si mesmo nada além de imaginação. De fato, há apenas uma realidade indivisível e eterna, e ela não tem começo e nem fim. Está além do tempo. Do ponto de vista dessa realidade atemporal, todo o processo do tempo é puramente imaginário. E os bilhões de anos que passaram e os bilhões que vão passar não tem o valor de nem mesmo um segundo. É como se eles nunca tivessem existido.
Portanto, o múltiplo universo evolutivo não pode ser entendido como sendo um resultado real desta Realidade única. Se ele fosse um resultado dessa realidade única, a Realidade seria ou um termo relativo ou um ser composto, o que ela não é. A realidade única é absoluta.
A Realidade única inclui em si mesma toda a existência. Ela é tudo, mas não tem nada como sua sombra. A idéia da existência que tudo inclui implica que ela não deixa nada fora do seu ser. Quando você analisa a idéia do Ser (da existência), você chega por implicação à idéia do que não existe. Essa idéia da não existência, ou do Nada ajuda você a definir claramente a idéia do Ser. O aspecto complementar do Ser é, portanto o não-ser ou o Nada. Mas o Nada não pode ser olhado como tendo sua própria existência separada e independente. Em si mesmo ele não é nada. Nem pode, em si mesmo, ser a causa de algo. O universo múltiplo e evolutivo não pode ser o resultado do nada tomado por si mesmo, e temos visto que ele também não pode ser o resultado da Realidade Una.
Como, então, o universo múltiplo e evolutivo surge?
O múltiplo e evolutivo universo surge da mistura da Realidade Una e do Nada. Ele brota do Nada, quando esse Nada é colocado contra o plano de fundo da Realidade Una. Mas isso não deve ser considerado como significando que o universo é parcialmente o resultado da Realidade Una, ou que ele tem um elemento de Realidade.
É um resultado do Nada e é nada. Ele só parece ter existência. Sua existência aparente é devido à Realidade Una, que está, nesse caso, atrás do Nada. Quando o Nada é adicionado à Realidade Una, o resultado é o múltiplo e evolutivo universo. A Realidade Una que é infinita é absoluta, não sofre nenhuma modificação, portanto. É absoluta e como tal não é afetada de forma alguma por nenhuma adição ou subtração. A Realidade Una permanece o que ela era, completa e absoluta em si mesma, não preocupada e não conectada com o panorama da criação que brota do Nada. Esse Nada pode ser comparado com o valor do zero na matemática. Em si mesmo não tem valor positivo, mas quando é adicionado aos outros números dá origem a outros valores. Da mesma maneira o múltiplo e evolutivo universo brota do Nada quando ele é combinado com a Realidade Una.
Todo o processo evolucionário está dentro do domínio da imaginação. Quando em imaginação o oceano uno da realidade fica aparentemente perturbado, surge o múltiplo mundo dos centros separados de consciência. Isso implica na divisão básica da vida - no ser e no não-ser, ou no “eu” e seu ambiente. Devido ao falso caráter incompleto desse ser limitado (que é apenas uma parte imaginada de uma totalidade realmente indivisível), a consciência não pode permanecer contente com a identificação eterna com ele. Portanto, a consciência fica presa na armadilha numa inquietude incessante, forçando-se a tentar a identificação com o não-ser. Essa porção de não-ser, ou o meio, com o qual a consciência identifica-se, torna-se afiliada ao ser na forma de “meu”. E essa porção do não-ser com a qual ela não identifica-se, torna-se o meio irredutível que inevitavelmente cria um limite e uma oposição ao ser. Portanto, a consciência não chega ao término da sua dualidade limitante, mas em sua transformação. Enquanto a consciência está sujeita ao trabalho da contaminada imaginação, ela não pode ter sucesso em dar um fim a essa dualidade. Todas as tentativas variadas que ela faz para a assimilação do não-ser (ou dos arredores, ou do meio) resultam meramente na substituição da dualidade inicial por outras inumeráveis formas novas da mesma dualidade. A aceitação e a rejeição de certas porções do meio expressam a si mesmas respectivamente como “querer” e “não querer”, dando assim origem aos opostos do prazer e da dor, do bem e do mal e assim por diante. Mas nem aceitação nem rejeição podem levar à libertação da dualidade, e a consciência encontra-se, portanto, engajada numa oscilação incessante de um oposto ao outro. O processo inteiro da evolução do individuo é caracterizado por essa oscilação entre os opostos.
A evolução do indivíduo limitado está completamente determinada pelos sanskaras acumulados por ele através das eras e embora seja tudo parte da imaginação, o determinismo é completo e automático.
Toda ação e experiência, não importa o quão efêmera, deixa para trás uma impressão no corpo mental. Essa impressão é uma modificação objetiva do corpo mental; e como o corpo mental permanece o mesmo, as impressões acumuladas pelo indivíduo são capazes de persistir por várias vidas.
Quando os sanskaras acumulados começam então a se expressar (em vez de meramente permanecerem latentes no corpo mental), eles são experimentados como desejos, isto é, eles são tomados como sendo subjetivos.
O objetivo e o subjetivo são os dois aspectos dos sanskaras: o primeiro é o estado passivo de latência, e o segundo é um estado ativo de manifestação.
Através da fase ativa, os sanskaras acumulados determinam cada experiência e ação do ser limitado. Assim como vários metros de filme têm de passar no projetor do cinema para mostrar uma ação breve na tela, muitos sanskaras estão frequentemente envolvidos em determinar uma única ação do ser limitado. Através de tais expressões e satsfação em experiências, os sanskaras são gastos. Os sanskaras fracos são gastos mentalmente e os mais fortes são gastos sutilmente na forma de desejos e experiência imaginativa; aqueles sanskaras que são poderosos são gastos fisicamente ao expressarem-se através de ações corporais. Embora esse consumo dos sanskaras prossiga continuamente, ele não resulta na libertação dos sanskaras, porque novos sanskaras estão inevitavelmente sendo criados - não apenas através das ações das pessoas, mas até mesmo pelo próprio processo de consumo. Então, a carga de sanskaras segue aumentando, e o indivíduo encontra-se indefeso diante do problema de se livrar do fardo. Os sanskaras depositados por experiências e ações específicas, tornam a mente suscetível a experiências e ações similares. Porém, depois de alcançado um certo ponto, essa tendência é contraposta e impedida por uma reação natural que consiste numa completa comutação para seu oposto direto, abrindo espaço para a operação dos sanskaras opostos.
Muito frequentemente, os dois opostos formam partes da mesma e única corrente de imaginação. Por exemplo, uma pessoa pode primeiro experimentar que é um escritor famoso – com riqueza, fama, família e todas a coisas agradáveis da vida – e depois na mesma vida, pode experimentar que perdeu sua fortuna, fama, família e todas as coisas agradáveis da vida. As vezes parece que uma corrente de imaginação não contém os dois opostos na mesma vida. Por exemplo, um homem pode experimentar durante sua vida que é um poderoso rei sempre vitorioso nas batalhas. Nesse caso ele tem que balancear essa experiência experimentando derrotas ou algo parecido na próxima vida, vivendo mais uma vida para completar sua corrente de imaginação. A compulsão puramente psicológica dos sanskaras está assim sujeita à necessidade mais profunda da alma em conhecer a si mesma.
Suponha que uma pessoa matou alguém nesta vida. Isso deposita no seu corpo mental os sanskaras de assassinato. Se a consciência viesse a ser determinada simplesmente e apenas por essa tendência inicial criada por esses sanskaras, ele seguiria matando os outros indefinidamente ad infinitum, cada vez reunindo momentuns seguintes dos atos subseqüentes do mesmo tipo. Não haveria escape desse determinismo recorrente, se não fosse pelo fato de que a lógica da experiência provê um impedimento necessário para isso. A pessoa logo percebe o caráter incompleto da experiência de um oposto, e, inconscientemente, busca restaurar o equilíbrio perdido indo para o outro oposto.
Assim, o individuo que teve a experiência de matar desenvolve uma necessidade psicológica e uma susceptibilidade por ser morto. Ao matar outra pessoa ele apreciou apenas uma porção da situação total na qual ele é um partido, ou seja, a parte do matador. A parte complementar da situação total (isto é, o papel de ser morto) permanece para ele não entendida e estranha, embora, tenha se introduzido na sua experiência. Surge assim, a necessidade de completar a experiência atraindo para si mesmo o oposto daquilo que ele experimentou pessoalmente e a consciência tem uma tendência de atender essa nova necessidade urgente. Uma pessoa que matou logo desenvolverá uma tendência a ser morto para cobrir a situação inteira através de experiência pessoal.
A pergunta que surge aqui é: quem aparecerá para matá-lo na próxima vida? Pode ser a mesma pessoa que foi morta na vida anterior, ou pode ser alguma outra pessoa com sanskaras similares. Em conseqüência da ação e da interação entre os indivíduos, entram em ação as ligações ou os laços “sanskaricos” e quando o indivíduo adota um novo corpo físico, pode ser entre aqueles que têm laços sanskaricos anteriores ou entre aqueles que têm sanskaras similares.
Mas o ajuste da vida é tal, que torna possível o jogo livre da dualidade evolutiva. Como o fio do tear do tecelão, a mente humana move-se dentro de dois extremos, desenvolvendo a trama e o tecido do pano da vida. O desenvolvimento da vida espiritual é melhor representado não como uma linha reta, mas como um curso em zigue-zague. Considere a função das duas margens de um rio. Se não houvesse nenhuma margem, as águas do rio iriam se dispersar, tornando impossível que o rio alcançasse seu destino. Da mesma maneira, a força-vida dissipar-se-ia de inumeráveis e infinitas maneiras, se não estivesse confinada entre os dois pólos dos opostos. Essas margens do rio da vida são melhor observadas não como duas linhas paralelas, mas como duas linhas convergentes que se encontram no ponto da Liberação. A quantidade de oscilação torna-se cada vez menor conforme o indivíduo aproxima-se do objetivo e cede completamente quando realiza o objetivo. É como o movimento de uma boneca que tem seu centro de gravidade na base, fazendo com que ela tenha a tendência de ficar parada quando sentada. Se for agitada, ela continua a balançar de um lado para o outro por algum tempo, mas a cada movimento ela cobre uma extensão mais curta, e por fim, a boneca estaciona. No caso da evolução cósmica, tal parada da alternação entre os opostos significa Mahapralaya, e na evolução espiritual do indivíduo, significa a Libertação.
O degrau da dualidade para a não dualidade não é meramente um caso de diferença no estado de consciência. Quando os dois são qualitativamente diferentes, a diferença entre eles é infinita. O primeiro é um estado de não-Deus e o segundo é um estado de Deus. Essa infinita diferença constitui o abismo entre o sexto plano de consciência e o sétimo. Os seis planos inferiores de involução da consciência* estão separados uns dos outros por um tipo de vale. Mas embora a diferença entre eles seja grande, não é infinita pois todos estão igualmente sujeitos à bipolaridade da experiência limitada, consistindo na alternância entre os opostos. A diferença entre o primeiro plano e o segundo, o segundo e o terceiro e assim por diante até o sexto plano, é grande mas não infinita. Segue-se que, estreitamente falando, nenhum dos seis planos da dualidade pode ser entendido como estando realmente mais perto do sétimo plano do que qualquer outro. A diferença entre qualquer um dos seis planos e o sétimo plano é infinita, assim como a diferença entre o sexto e o sétimo plano é infinita. O progresso através dos seis planos é o progresso na imaginação, mas a realização do sétimo plano é a cessação da imaginação e, portanto, o despertar do indivíduo na Consciência-Verdade. O progresso ilusório através dos seis planos não pode, entretanto, ser totalmente evitado. A imaginação tem que ser completamente exaurida antes que uma pessoa possa realizar a Verdade. Quando um discípulo tem um mestre perfeito, ele tem que atravessar todos os seis planos. O mestre pode levar o discípulo através dos planos interiores tanto com os olhos abertos ou sob um véu. Se o discípulo é levado sob a ação de uma venda e não está consciente dos planos que está passando, os desejos persistem até o sétimo plano; mas se é levado com os olhos abertos e está consciente dos planos que está passando, nenhum desejo resta a partir do quinto plano.
Se o mestre vem para trabalhar, ele frequentemente escolhe levar seus discípulos vendados, pois eles tenderão a ser mais ativamente úteis para o trabalho do mestre quando levados vendados do que com os olhos abertos.
O cruzamento através dos planos é caracterizado pelo desembaraçar dos sanskaras. Esse processo deve ser cuidadosamente distinguido daquele do despendimento. No processo de despendimento, os sanskaras tornam-se dinâmicos e liberam-se em ação ou experiência. Isso não leva à emancipação final dos sanskaras, sendo que as incessantes novas acumulações de sanskaras mais do que substituem os que foram despendidos, e o próprio despendimento é responssável pelos sanskaras seguintes. No processo de desembaraçamento, entretanto, os sanskaras são enfraquecidos e aniquilados pela chama do anseio pelo infinito.
O anseio pelo Infinito pode ser a causa de muito sofrimento espiritual. Não há comparação entre a agudez do sofrimento ordinário e a agudez do sofrimento espiritual que uma pessoa tem que passar enquanto cruza os planos. O primeiro é o efeito dos Sanskaras, e o segundo é o efeito do desembaraçamento. Quando o sofrimento físico chega ao seu clímax, a pessoa fica inconsciente e então tem alívio dele, mas não há tal alívio mecânico para o sofrimento espiritual. Sofrimento espiritual, entretanto, não se torna entediante, pois também é misturado com um tipo de prazer. O anseio pelo infinito fica acentuado e agudo até que chega em seu clímax, então gradualmente começa a esfriar. Enquanto esfria, a consciência não desiste de maneira nenhuma do anseio pelo infinito, mas continua buscando seu objetivo de realizar o Infinito. Esse estado de anseio esfriado, porém latente, é preliminar à realização do Infinito. O anseio nesse estágio é o instrumento para aniquilar todos os outros desejos e está pronto para ser minado pela insondável quietude do contentamento infinito. Antes do anseio pelo Infinito ser suprido pela realização do Infinito, a consciência tem que passar do sexto para o sétimo plano. Tem que passar da dualidade para a não-dualidade. Ao invés de vagar em imaginação, ela tem de chegar ao fim da imaginação.
O Mestre entende a realidade una como sendo a única Realidade e o Nada como sendo meramente sua sombra. Para ele, o tempo é engolido na eternidade. Como ele percebeu o aspecto atemporal da Realidade, ele está além do tempo e carrega no seu ser tanto o início como o fim do tempo. Ele permanece não mobilizado pelo processo temporal que consiste na ação e na interação dos muitos. A pessoa ordinária não conhece nem o começo nem o fim da criação. Assim, ela é derrotada pela marcha dos eventos, os quais parecem grandes por causa da falta de perspectiva apropriada enquanto ele está capturado pelo tempo. Ela olha para todas as coisas em termos da possível satisfação ou insatisfação dos seus sanskaras. Ela fica, portanto, profundamente perturbada pelos acontecimentos deste mundo. Todo universo objetivo aparece para ela como sendo uma limitação que não é bem-vinda e que tem que ser superada ou tolerada.
O Mestre, por outro lado, está livre da dualidade e dos sanskaras característicos da dualidade. Ele está livre de toda limitação. A tempestade e stress do universo não afetam o seu Ser. Todo o alvoroço do mundo, com seus processos construtivos e destrutivos, não pode ter importância especial para ele. Ele adentrou no santuário da verdade, que é a morada daquele significado eterno que é refletido apenas fraca e parcialmente nos valores transitórios da criação sempre em mudança. Ele compreende dentro de seu Ser toda existência, e olha para toda a peça da manifestação como meramente um jogo.